Exame Logo

Mais dinheiro ajuda, mas não salva a educação no Brasil

Investir na formação de professores e em um plano que reduza as desigualdades do sistema também são fundamentais para enfrentar defasagem educacional do país

EXAME Fórum 2020: Empresários e especialistas discutem novos rumos para economia e educação no Brasil (Lela Beltrão / EXAME)

Talita Abrantes

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 18h53.

São Paulo - Direcionar mais investimentos para a educação é fundamental, mas não é suficiente para compensar todos os anos perdidos no Brasil.Investir na formação de professores e desenhar um plano que reduza as desigualdades do sistema também são parte da solução para o cenário de defasagem educacional do país, segundo os participantes de debate sobre o tema no EXAME Fórum Brasil 2020.

“O Brasil estabeleceu metas para a educação e aumentou recursos. O grande problema é a governança deste sistema; o que acontece se você não as cumprir”, afirmou Ricardo Paes de Barros, subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República durante o evento que aconteceu nesta quarta-feira.

Veja também

Para que isso aconteça, termos como meritocracia e resultados deveriam fazer parte da agenda brasileira para a educação, segundo Barros. “Recursos têm que vir com compromisso: eu dou recursos e você, resultados”, disse.

Por outro lado, valorizar professores apenas de acordo com o desempenho de cada aluno pode favorecer o aumento da desigualdades educacionais, na visão de Maria Alice Setubal, presidente da Fundação Tide Setubal e uma das coordenadora da campanha de Eduardo Campos (PSB).

“Se olharmos apenas o Ideb e dar uma remuneração diferenciada a partir destes resultados, vamos aumentar as desigualdades porque os professores só irão querer ir para as escolas que têm as melhores notas; enquanto as piores ficarão com os professores menos preparados”, afirmou a socióloga.

Na opinião dela, um regime meritocrático deve passar por uma política que responsabilize todos os envolvidos - partindo dos gestores públicos - e mire também as condições em que as aulas são ministradas. “A responsabilidade não pode ser depositada apenas no professor”, afirmou.

Um consenso entre os participantes do debate é de que o processo começa na ponta do sistema: na formação dos professores e no estabelecimento de um plano de carreira mais atrativo.

“Há 10 estados brasileiros que não pagam nem o piso nacional de um docente, que é de 1,9 mil reais, enquanto a média de salário de um profissional com nível superior é de 3,7 mil reais. Qual a motivação que um professor tem?”, afirmou Maria Helena Guimarães Castro, diretora executiva da Fundação Seade e membro do grupo que elabora as propostas para a educação da candidatura de Aécio Neves (PSDB).

Além de salários competitivos, outra estratégia seria oferecer incentivos, como bolsas de manutenção, para que mais estudantes optem pela carreira docente, por exemplo.

Acompanhe tudo sobre:Educaçãoeventos-exameEXAME Fórum

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame