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Mais de 200 empresas e ONGs enviam carta a Bolsonaro, Mourão e europeus

No grupo estão empresas como JBS, Klabin, Marfrig, Natura e Unilever, que enviaram documento a líderes do governo e embaixadas de países europeus

Pantanal: 15% do bioma já foi destruído. A área perdida é similar à da cidade de Nova York (Ibere PERISSE/AFP)

Pantanal: 15% do bioma já foi destruído. A área perdida é similar à da cidade de Nova York (Ibere PERISSE/AFP)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 12h46.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 12h50.

Empresários e organizações começam a pressionar o governo federal acerca das queimadas na Amazônia e no Pantanal, essas últimas já tendo destruído 15% do bioma, área do tamanho da cidade de Nova York.

Uma coalizão de 230 organizações e empresas enviou na terça-feira, 15, uma carta ao alto escalão do governo federal com seis propostas para reduzir o desmatamento. Estão no grupo empresas como JBS, Klabin, Marfrig, Natura e Unilever, além de ONGs como WWF Brasil, TNC, Imazon e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

As organizações e empresas fazem parte da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne nomes da área ambiental e empresas ligadas ao agronegócio. O grupo se denomina um dos "foros de diálogo entre o agronegócio e ambientalistas”.

Segundo o Estado de S.Paulo, o documento chegou ao presidente Jair Bolsonaro, além do vice-presidente Hamilton Mourão, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o do Meio-Ambiente, Ricardo Salles, e o da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. O documento também chegou a líderes no Congresso e embaixadas de países europeus.

Dentre as ações propostas está "retomar e intensificar as ações de fiscalização"e punição dos responsáveis por órgãos como o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e Funai, de proteção aos índios.

O grupo pede ainda regras de financiamento vinculadas à sustentabilidade, proibição de registro para quem foi culpado de desmatamento e a demarcação de 10 milhões de hectares como área protegida, destinada ao uso sustentável.

Neste semana, Mourão já havia recebido uma carta de embaixadores de oito países europeus, como Alemanha, Reino Unido, França e Noruega. O texto, obtido pelo jornal El País, afirma que o Brasil "está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”.

Uma das preocupações é que as queimadas atrapalhem a reputação de empresas brasileiras no exterior. Nos últimos meses, o vice-presidente se reuniu pelo menos duas vezes com empresários e fundos de investimento para dar explicações sobre as queimadas brasileiras. Mourão comanda o Conselho da Amazônia e vem sendo o porta-voz brasileiro nas conversas sobre o meio-ambiente, muitas vezes à frente do ministro da pasta, Ricardo Salles.

O vice-presidente também pediu, nas reuniões com investidores, mais recursos para o Brasil, mas ouviu que os investidores querem, primeiro, ver resultados na área ambiental antes de aportar recursos.

Mourão e Salles também se envolveram em uma gafe virtual neste mês ao usar um vídeo com um mico-leão-dourado para se referir à Amazônia (o animal é nativo da Mata Atlântica, no litoral). Os dois ainda entraram em bate boca com o ator Leonardo DiCaprio, que cobrou nas redes sociais medidas brasileiras contra o desmatamento e participou da campanha Defund Bolsonaro, que pedia boicote ao governo do presidente brasileiro e a empresas que o apoiassem.

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