Urbanização indígena: mais da metade vive em cidades, mas desafios como saneamento persistem (Carl de Souza/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 12h00.
O Censo 2022, divulgado nesta quinta-feira, 19, pelo IBGE, revelou que 54% da população indígena no Brasil reside em áreas urbanas, um aumento significativo em relação a 2010, quando o percentual era de 36,2%. Já a proporção de indígenas na zona rural caiu de 63,8% para 46% no mesmo período.
O IBGE aponta que fatores como educação, trabalho e saúde explicam parte da migração indígena para áreas urbanas. A idade mediana entre indígenas em áreas urbanas fora de terras indígenas é de 32 anos, enquanto nas áreas rurais é de apenas 18 anos.
A taxa de alfabetização da população indígena cresceu de 76,6% em 2010 para 85% em 2022. Apesar disso, o grupo ainda apresenta o maior índice de analfabetismo no Brasil, com 15,1% de pessoas que não sabem ler ou escrever, mais de três vezes o percentual entre brancos.
A especialista em educação Claudia Costin explica que as barreiras na alfabetização estão relacionadas à diversidade de línguas indígenas e à falta de políticas educacionais específicas que considerem as particularidades culturais de cada povo.
Os dados do Censo também destacam a precariedade no acesso ao saneamento básico entre os indígenas:
Entre os indígenas que vivem em áreas urbanas, 86,67% têm acesso a água encanada, comparado a 97,28% da população urbana brasileira total. Já em áreas urbanas fora de terras indígenas, a precariedade no acesso à água é 3,7 vezes maior entre indígenas do que no restante da população urbana.
Os dados do Censo reforçam a necessidade de políticas públicas específicas que promovam inclusão social e infraestrutura básica para as populações indígenas, tanto em áreas urbanas quanto rurais.
“Com o crescimento da urbanização e os desafios históricos no campo, é essencial ampliar os programas de educação e saneamento adaptados às necessidades culturais e regionais dos povos indígenas”, conclui o relatório do IBGE.