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Mais 2 mil presos estão infectados com doenças de pele na Papuda

A situação veio a tona na primeira quinzena do mês; as doenças detectadas foram escabiose (ou sarna), tineas, ptiríase e furunculoses

Papuda: as doenças também foram identificadas em mais unidades do complexo prisional (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Papuda: as doenças também foram identificadas em mais unidades do complexo prisional (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de julho de 2017 às 17h42.

O número de presos infectados por doenças de pele no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, chega a 2.095, segundo a Subsecretaria do Sistema Penitenciário, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF). Os números são da última segunda-feira (21).

A situação na Papuda veio a tona na primeira quinzena do mês, quando quase 700 detentos haviam sido identificados com infecções.

As doenças detectadas foram escabiose, ou sarna; tineas; ptiríase; e furunculoses. Com relação ao impetigo, os médicos descartaram a doença após novas avaliações.

Os casos têm maior possibilidade de proliferação em ambientes com aglomeração de pessoas, como escolas, creches, quartéis e presídios.

As doenças também foram identificadas em mais unidades do complexo prisional. Antes estavam restritas ao Centro de Detenção Provisória (CDP) e à Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I).

Agora chegaram também à Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II), ao Centro de Internamento e Reeducação (CIR) e ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP).

Em entrevista à Agência Brasil, o subsecretário do Sistema Penitenciário do Distrito Federal, Osmar Mendonça de Souza, disse que o novo balanço não significa um aumento dos casos que já existiam no início do mês, mas apenas a identificação de todos os contaminados.

"Determinamos uma triagem completa dentro do sistema prisional, para constatar se existia maior número e em outras unidades prisionais", disse.

"Todos foram tratados, todos receberam a medicação adequada e as orientações de higiene", disse.

Segundo o subsecretário, doenças de pele são comuns em presídios. Dessa vez, o número foi maior, mesmo assim, Souza disse que a situação está sob controle.

"A resposta [ao tratamento] é rápida. É um tratamento tópico, com pomada ou via oral com comprimido, não há necessidade de maiores exames, não há necessidade de deslocamento a nenhuma unidade hospitalar", explicou.

Na avaliação da subsecretaria, alguns fatores acentuaram a propagação das doenças, entre eles, a superlotação e o tempo frio, que faz com que o preso não adote uma higienização adequada, tanto de si quanto dos lençóis e roupas que usa.

Com capacidade para 7.395 presidiários, hoje o complexo abriga 15.561 presos. Entre eles, pessoas de destaque político como o ex-senador Luiz Estevão.

Segundo o subsecretário, nenhum político preso foi identificado com as doenças.

Os casos chegaram a cinco das seis unidades do Complexo Penitenciário, apenas o presídio feminino, conhecido como Colmeia não registrou casos.

Medidas

Segundo a subsecretaria do Sistema Penitenciário, até a tarde da última sexta-feira (21) todos os presos do CDP foram triados e 493 medicados. Na PDF I foram triados 3. 876 e medicados 950.

Na PDF II todos os internos foram triados, 480 medicados. No CIR foram 672 triados e 168 medicados, e no CPP 150 triados, quatro medicados.

Ou seja, todos aqueles que foram detectados com as doenças receberam tratamento.

Também foram higienizadas 25 celas no CDP. Nas demais unidades prisionais (CIR, PDF I e II e CPP) foram realizadas a higienização geral e orientação aos internos sobre a higienização.

A subsecretaria informou que não há motivos para suspender as visitas aos detentos.

"O fato de um grupo de internos estar com doença de pele não significa que os estabelecimentos prisionais estão passando por um quadro de epidemia", disse em nota.

Denúncias

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) divulgou nota informando que recebeu, em maio, denúncias anônimas informando sobre um possível surto.

As denúncias citavam também a falta de atendimento médico e de fornecimento de medicação adequada.

A juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, oficiou à Secretaria de Saúde do DF para que a medicação fosse fornecida aos detentos ou, em caso de sua falta, que a VEP fosse comunicada, a fim de que pudesse adotar medidas voltadas para o pronto atendimento dos doentes.

A juíza foi pessoalmente ao local fazer inspeção e constatou que os atendimentos emergenciais já haviam sido prestados.

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