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Maia é o culpado pela perda da MP do 13º do Bolsa Família, diz Bolsonaro

Na época em que a MP caducou, contudo, aliados do governo desestimularam a votação do texto. O impacto seria de R$ 7,5 bilhões ao ano

Maia e Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto   (Adriano Machado/Reuters)

Maia e Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 09h53.

Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 12h24.

Durante transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira 17, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu a perda de validade da medida provisória do 13° salário do Bolsa Família ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele também indicou que a cobrança pelo 13° neste ano também fosse endereçada a Maia. A reação do deputado foi quase imediata. Ao Broadcast/Estadão, Maia afirmou que Bolsonaro foi "mentiroso" em sua fala.

    "Sabia que não teve (13° para o Bolsa Família) nesse ano? Foi promessa minha? Foi. Foi pago ano passado? Foi. Mas, o presidente da Câmara deixou caducar a MP. Vai cobrar de mim? Cobra do presidente da Câmara", disse Bolsonaro.

    Na época em que a MP caducou, contudo, aliados do governo desestimularam a votação do texto. Isso porque o relatório do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tornava o 13º do Bolsa Família uma política permanente e incluía o pagamento também para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda que já recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Com as mudanças, o impacto para os cofres públicos seria de R$ 7,5 bilhões ao ano.

    Neste ano, o governo não enviou proposta quanto ao 13° do Bolsa Família. Ao Broadcast/Estadão, Maia afirmou que colocará em pauta nesta sexta-feira, 18, a MP que estende o auxílio emergencial com a inclusão no texto do 13º para os beneficiários do programa social, algo que não está previsto na proposta original enviada pelo governo. A expectativa de Maia é que o texto possa ser votado no Senado na segunda-feira, 21.

    Auxílio emergencial

    O presidente Jair Bolsonaro voltou a bater na tecla do nível de endividamento do Brasil para justificar o encerramento do pagamento do auxílio emergencial ao fim deste ano. Ele afirmou que a dívida interna do País está na casa dos R$ 5 trilhões e que, só na pandemia de covid-19, o endividamento cresceu cerca de R$ 700 bilhões.

    O mandatário comparou a situação brasileira à do cliente de uma venda para quem o dono do estabelecimento não aceita mais vender fiado. "Não tem como dar mais", insistiu o presidente. Na "live" semanal, ele também disse que a imprensa trata o ex-presidente do regime militar João Figueiredo como ditador, mas, segundo ele faria referência ao cubano Fidel Castro como "presidente".

    Privatizações

    Ao relembrar sua visita à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) no começo da semana, Bolsonaro tentou explicar porque, naquela ocasião, bradou contra a privatização daquela estatal, mas, ainda assim, seria a favor de vender "um montão" de empresas públicas.

    Ele voltou a insinuar que o governador paulista, João Doria (PSDB), estaria trabalhando pela privatização da Ceagesp, que pertence à União, para, nas suas palavras, "arrebentar" com o entreposto e "vender baratinho para os amigos".

    Em seguida, Bolsonaro reclamou que a imprensa apontou o caráter estatizante de sua fala na Ceagesp. "Eu quero que privatize um montão. Mas privatizar não é pegar e botar na prateleira. É uma burocracia enorme", alegou. "O STF decidiu que certas empresas só podem ser privatizadas com aval do Congresso. Está na cara que algumas nem vamos tentar privatizar. Privatização é bem-vinda com critério sério, objetivo", disse.

    Diesel

    Bolsonaro também afirmou na transmissão ao vivo ter enviado mensagem ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para questioná-lo sobre o preço do diesel nas bombas de postos. Segundo Bolsonaro, a informação recebida é de que, nas refinarias, esse combustível está com preço 20% inferior ao praticado em 2019.

    "Mas, no final, na bomba, está maior. De onde vem? Dos impostos. Os federais, a Cide está zerada. Os estaduais, varia (sic), em torno de 30%. Entra ainda a margem de lucro das distribuidoras e do próprio posto", comentou Bolsonaro. "Estamos tentando quebrar o monopólio [das distribuidoras], mas não é fácil", disse.

    Ele apontou também que a interferência que poderia ter sobre o assunto seria demitir Castello Branco, mas logo acrescentou que não vai fazer isso. Ainda assim, o presidente garantiu: "nós fazemos o que é possível pelos caminhoneiros."

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