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Maia a Bolsonaro: Abalados estão brasileiros, que esperam Brasil funcionar

Em tréplica, presidente respondeu: "Não existe brincadeira da minha parte"

Maia: presidente da Câmara respondeu a declarações de Bolsonaro (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de março de 2019 às 20h07.

Última atualização em 28 de março de 2019 às 11h40.

Brasília - Alvo de ataques nos últimos dias do presidente Jair Bolsonaro , o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu o fim da "brincadeira" e que o País passe a ser levado a sério. Bolsonaro concedeu uma entrevista à TV Band, divulgada nesta quarta-feira, 27, na qual afirma que Maia está "abalado" por questões pessoais.

"Abalados estão os brasileiros que esperam desde janeiro que o Brasil comece a funcionar", disse ao ser questionado sobre as declarações do presidente. "São 12 milhões de desempregados, capacidade de investimento diminuindo", citou. "Está na hora de pararmos com esse tipo de brincadeira. Está na hora dele (Bolsonaro) sentar na cadeira e, em conjunto, resolvermos os problemas do Brasil", declarou.

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"Não dá mais pra gente perder tempo com coisas secundárias, com coisas que não vão resolver a fome dos brasileiros", afirmou. Para Maia, é necessário focar no que é considerado fundamental para o País. Ele voltou a ressaltar, como tem feito nos últimos dias, que defende como prioridade a reforma da Previdência para a recuperação da economia brasileira. "Vamos parar de brincadeira e vamos tratar de forma séria, o Brasil precisa de um presidente funcionando. Precisamos que o governo do Bolsonaro dê certo, gere empregos", disse.

Tréplica

Em resposta ao presidente da Câmara, Bolsonaro classificou como irresponsável a declaração do parlamentar fluminense quando disse que ele está "brincando de presidir o País".

"Se foi isso mesmo que ele falou, eu lamento. Não é uma palavra de uma pessoa que conduz uma Casa. Muita irresponsabilidade", disse Bolsonaro a emissoras de televisão após encontro com empresários e artistas na casa do fundador da Cyrela, Elie Horn.

"Não existe brincadeira da minha parte, muito pelo contrário, eu lamento palavras nesse sentido. Até quero não acreditar que ele tenha falado isso", declarou.

E continua...

Diante da tréplica de Bolsonaro, Maia decidiu não responder mais a "gracinhas". "Eu prometo que eu vou deixar o presidente começar a trabalhar. Então, daqui para frente eu não respondo mais nenhuma gracinha, nenhuma insinuação, nada, porque a gente precisa que ele trabalhe. O Brasil precisa da reforma da Previdência, e a gente precisa do presidente liderando o processo, trabalhando, conduzindo isso", disse Maia.

"Eu sei que não fui eu que comecei. Mas acho que os dois têm que parar, chega. Vamos cuidar do Brasil, vamos cuidar da Previdência", acrescentou. "O presidente pode ter certeza que a partir da próxima semana para mim esse assunto não existe mais, mesmo que ele continue com algumas críticas, algumas agressões, eu vou olhar para frente, olhar para o Brasil, que eu tenho certeza que é esse o nosso papel."

Pressionado pelo Congresso a mudar a articulação na reforma da Previdência, Bolsonaro insistiu que sua maneira de governar é respeitando "acima dos colegas políticos, o povo brasileiro que me botou lá."

O presidente da Câmara foi questionado se irá colocar no plenário algumas das chamadas pautas-bomba. "Não tem a menor possibilidade de votar qualquer pauta-bomba e nenhum projeto que gere aumento de despesas sem um diálogo com a equipe econômica", afirmou.

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, há uma pressão de parlamentares para que seja pautado projeto que obriga o governo federal a repassar R$ 39 bilhões aos Estados como compensação da Lei Kandir, que desonerou o ICMS das exportações. A articulação parte, principalmente, de parlamentares da bancada ruralista e vem no rastro da aprovação relâmpago, na noite de terça-feira, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que amarra ainda mais a gestão do Orçamento. Maia, no entanto, diz que espera o 'sinal verde' da equipe econômica para pautar o projeto.

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