Geddel: "Marluce tinha um papel ativo e relevante nos atos de lavagem", afirmou Dodge (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de dezembro de 2017 às 20h59.
São Paulo - Ao pedir a prisão domiciliar da dona de casa Marluce Vieira Lima, mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do deputado Lúcio Vieira Lima - ambos do PMDB -, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a descreveu como uma senhora de idade com papel ativo e relevante na lavagem de dinheiro.
Marluce, de 79 anos, os dois filhos e mais três investigados - os ex-secretários parlamentares Job Ribeiro Brandão e Gustavo Pedreira do Couto Ferraz e o empresário Luiz Fernando Machado da Costa Filho - foram denunciados pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
"Marluce tinha um papel ativo e relevante nos atos de lavagem. Apesar de ser uma senhora de idade, não se limitava a emprestar o nome aos atos e a ceder o closet. Era ativa", afirmou Raquel, referindo-se ao local de seu apartamento que supostamente emprestava para os filhos estocarem dinheiro ilícito.
Na acusação, a procuradora narrou que, a partir de 2011, a família Vieira Lima "comprovadamente avançou da primeira fase do ciclo de lavagem, a ocultação, para a segunda e terceira fases, dissimulação e integração".
Segundo Raquel, nesta época, Geddel demonstrou "interesse em investir no mercado imobiliário".
"A partir dai, Geddel, Lúcio e Marluce Vieira Lima passaram a repassar parte do dinheiro vivo oculto, de origem criminosa, aos empreendimentos imobiliários de Luiz Fernando Machado Costa Filho", afirma Raquel.
A procuradora-geral sustenta que as transações tinham como objetivo a "reintrodução disfarçada do ativo no meio circulante, o mercado imobiliário".
Raquel pediu ao Supremo Tribunal Federal, além da prisão domiciliar de Marluce, fiança de 400 salários mínimos para a matriarca Vieira Lima.
A procuradora-geral requereu ainda que Geddel, Lúcio, Marluce e o empresário Luiz Fernando Machado da Costa Filho paguem à União R$ 51 milhões de indenização por danos morais coletivos.
A reportagem tentou contato com a defesa da família Vieira Lima, mas não obteve retorno.