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Maduro vincula Bolsonaro a suposto plano dos EUA para derrubá-lo

O presidente venezuelano também chamou o vice de Bolsonaro, o general da reserva Hamilton Mourão, de "louco"

Maduro: "Ninguém no Brasil quer que o futuro governo de Jair Bolsonaro se meta em uma aventura militar contra o povo da Venezuela" (Marco Bello/Reuters)

Maduro: "Ninguém no Brasil quer que o futuro governo de Jair Bolsonaro se meta em uma aventura militar contra o povo da Venezuela" (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 09h51.

Última atualização em 13 de dezembro de 2018 às 09h56.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou nesta quarta-feira (12) um suposto plano dos Estados Unidos para derrubá-lo e, inclusive, assassiná-lo, e que os governos de Brasil e Colômbia também participariam deste complô.

"Chegou a nós uma boa informação (...) John Bolton (assessor de segurança nacional americano), desesperado, designando missões para provocações militares na fronteira", disse Maduro, segundo quem instruções neste sentido foram transmitidas ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.

No domingo, o presidente venezuelano já tinha denunciado a ativação por Washington de um plano para dar-lhe um golpe de Estado com o apoio da Colômbia, mas na ocasião ele não mencionou o Brasil.

Bolton e Bolsonaro se reuniram em 29 de novembro na residência do presidente eleito do Brasil, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, no primeiro encontro de alto nível entre o governo de Donald Trump e o futuro presidente brasileiro, da extrema direita.

"As forças militares do Brasil querem paz. Ninguém no Brasil quer que o futuro governo de Jair Bolsonaro se meta em uma aventura militar contra o povo da Venezuela", declarou Maduro durante coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros em Caracas.

O presidente chamou de "louco" o general da reserva Hamilton Mourão, futuro vice-presidente de Bolsonaro, que afirmou recentemente que o governo de Maduro "está chegando ao fim" e anunciou uma maior pressão diplomática para que hajam na Venezuela "eleições normais".

Maduro vai assumir em 10 de janeiro um segundo mandato de seis anos, após ter sido reeleito em um pleito boicotado pela oposição e desconhecido pelos Estados Unidos - que o tacham de "ditador" -, a União Europeia e uma dezena de países latino-americanos.

Já o Peru anunciou que proporá o Grupo de Lima, aliança de países críticos ao presidente venezuelano, romper relações diplomáticas com a Venezuela nesse dia.

"Se quiserem deixar a Venezuela com seus embaixadores, que vão embora!", respondeu Maduro.

"Que não se enganem"

O presidente venezuelano justifica suas denúncias no que denomina de "ameaças" de Trump, que insinuou a possibilidade de uma intervenção militar no país com as maiores reservas de petróleo do mundo, hoje devastado pela pior crise econômica de sua história moderna.

Maduro assegurou que o complô é comandado por Bolton e inclui o treinamento de tropas regulares nos Estados Unidos para tomar três bases militares, e de 734 "mercenários" na Colômbia para gerar, assim como na fronteira com o Brasil, incidentes armados e inclusive matá-lo.

O objetivo é "simular ataques como (se fossem) soldados venezuelanos a unidades militares na fronteira e justificar uma escalada", acrescentou, explicando que sua denúncia se baseava em "fontes internacionais cruzadas".

Maduro, que denuncia continuamente complôs para derrubá-lo, pediu atenção para que não haja equívocos, supondo que "não tem quem defenda" a Venezuela, pois do seu lado - disse - estão "o povo e a Força Armada".

Na segunda-feira passada, a Rússia enviou para a Venezuela dois bombardeios e outras aeronaves para exercícios de Defesa, rechaçados por Estados Unidos e Colômbia.

O presidente colombiano, Iván Duque, que lidera a pressão regional contra Maduro, disse que o continente deve estar alerta a estas movimentações "inamistosas".

"Que não se enganem porque vamos dar-lhes uma lição", advertiu o herdeiro do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).

O governo colombiano rejeitou "categoricamente" a denúncia de Maduro. "A Colômbia não está, em hipótese alguma, estabelecendo ou pensando em qualquer ato hostil, ou qualquer atitude de belicismo com qualquer país da região", disse o presidente Duque em um comunicado.

"Não vamos deixá-los começar a tecer esse tipo de dúvidas ou acusações", disse Duque, que lidera a pressão internacional contra o governo venezuelano, que ele considera uma "ditadura".

O presidente também previu que Caracas enfrentará um endurecimento da pressão regional quando Maduro assumir, em janeiro.

Diálogo com Trump

Apesar desta retórica incendiária, Maduro convidou novamente Trump a dialogar e abandonar a "política fracassada" de Barack Obama sobre a Venezuela.

"Estou à disposição onde quiser, quando quiser e como quiser", declarou o presidente, em alusão a Trump, que na última Assembleia Geral da ONU mostrou-se aberto a um encontro que nunca se concretizou.

O presidente venezuelano estendeu seu convite ao diálogo à oposição, pedindo que não se deixe levar por sua ala "extremista", à qual acusa de apoiar os planos de intervenção militar.

No entanto, admitiu que os sinais emitidos na Casa Branca não são animadores, pois, segundo disse, aumentou de 40 a 120 milhões de dólares o montante de "remessas secretas para subornar autoridades venezuelanas e usá-las em um distúrbio militar" contra seu governo.

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