Aécio e Renan: Sérgio Machado acusa o presidente do PSDB de ter recebido propina (Ueslei Marcelino / Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2016 às 18h42.
Em sua delação premiada, o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado revelou a existência de um grande esquema de corrupção quando ele ainda era líder do PSDB no Senado, em 1998, para eleger o hoje presidente da sigla Aécio Neves à presidência da Câmara em 2000 e estruturar uma ampla base de apoio para o governo Fernando Henrique Cardoso no Congresso.
O próprio Aécio, de acordo com Machado, teria recebido na época R$ 1 milhão em dinheiro vivo.
Segundo o delator, ele, o então senador Teotônio Vilela e o então deputado Aécio traçaram um plano em 1998 para "ajudar financeiramente" 50 deputados a se elegerem naquele ano para garantir o apoio à eleição de Aécio para a presidência da Câmara em 2000.
O dinheiro teria sido captado por meio de propinas de empresas e de recursos ilícitos da campanha de Fernando Henrique Cardoso à reeleição.
"Que decidiram (os três no encontro) que iriam dar entre R$ 100 mil e R$ 300 mil à cada candidato", relata Machado, que diz ter recebido propinas de empresas doadoras de campanhas tucanas, e também ter procurado o então ministro das Comunicações e coordenador da campanha de FHC Luis Carlos Mendonça de Barros para captar recursos ilícitos.
"Que eles (campanha de FHC) nos garantiram que parte desses recursos ilícitos, à época cerca de R$ 4 milhões de reais, viriam da campanha nacional através do então ministro das Comunicações Luis Carlos Mendonça de Barros", afirma Machado, segundo o qual parte do dinheiro ilícito vinha "do exterior", sem dar mais detalhes de como era operacionalizado e qual a origem dele.
"Que esses recursos ilícitos nos foram entregues em várias parcelas em espécie, por pessoas indicadas por ele (Luis Carlos Mendonça de Barros). Que a maior parcela dos cerca de R$ 7 milhões arrecadados à época, foi destinada ao então deputado federal Aécio Neves, que recebeu R$ 1 milhão em dinheiro".
Machado diz que o tucano recebia estes recursos de um amigo de Brasília "que o ajudava nessa logística" e afirmou apenas que a pessoa era um jovem moreno que "andava sempre com roupas casuais e uma mochila".
Além do esquema montado por Mendonça Barros, Machado citou também o caixa dois da Camargo Corrêa para campanhas tucanas no período e admitiu que chegou a receber na época R$ 350 mil em dinheiro vivo da empreiteira.
Todo o esforço do esquema ilícito, que também teria financiado as campanhas municipais do PSDB em 2000, segundo o delator, permitiu ao PSDB eleger a segunda maior bancada da Câmara.
"Que a partir dessa articulação e captações feitas em 1998 e 2000 na eleição para prefeito, o PSDB conseguiu eleger 99 deputados", segue Machado.
Segundo ele, porém, o então presidente Fernando Henrique Cardoso era contra a articulação para que Aécio se elegesse presidente da Câmara, pois temia na época um racha de sua base.
Apesar disso, Aécio acabou sendo eleito presidente da Casa.
Resposta de Aécio Neves:
“Sobre citações feitas em delação de Sérgio Machado:
São acusações falsas e covardes de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar. Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, nem sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois.
Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o candidato do PSDB à presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação feita não possui sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época.”
Resposta de Fernando Henrique Cardoso:
“O Presidente Fernando Henrique desconhece os assuntos mencionados na delação de Sergio Machado.”
Resposta de Luiz Carlos Mendonça de Barros:
“Não participei da campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique, muito menos na função de coordenador, como apontado pelo delator. Com a morte do ex-ministro Sérgio Motta, minha função como ministro foi levar a cabo o processo de privatização do sistema Telebrás. Logo após ter cumprido com êxito essa missão deixei o governo.”