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Lula sugere que houve 'conivência' em fuga de Mossoró: 'Cavaram um buraco e ninguém viu?'

Fuga é a primeira registrada na história da rede federal de presídios, onde estão líderes de facções como Comando Vermelho e PCC

Luiz Inácio Lula da Silva: "parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Luiz Inácio Lula da Silva: "parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 18 de fevereiro de 2024 às 11h21.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2024 às 11h23.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu neste domingo, 18, que pode ter havido conivência de agentes do sistema prisional na fuga de dois presidiários da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Essa é a primeira fuga registrada na história da rede federal de presídios, onde estão líderes de facções como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC), criada em 2006.

“Estamos à procura dos presos, esperamos encontrá-los, e, obviamente, queremos saber como é que esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira! Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro”, disse, em coletiva de imprensa na Etiópia.

Autoridades já narraram parte da dinâmica da fuga. Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento fugiram do presídio após escalarem uma luminária, chegarem ao teto e acessarem o setor onde é feita a manutenção do presídio. Eles pegaram ferramentas que estavam sendo utilizadas em uma obra de manutenção na prisão. Como o local reformado estava protegido apenas por um tapume de metal, os criminosos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado com um alicate recolhido na obra.

Por se tratar da primeira fuga da história de uma penitenciária federal, Lula destacou que isso pode significar que houve um “relaxamento”. “E nós vamos saber de quem.” São cinco presídios do tipo no País: além de Mossoró, há unidades em Catanduva (PR), Campo Grande, Porto Velho e Brasília.

O presidente afirmou que aguarda que as investigações esclarecem os detalhes da fuga. “A primeira pessoa que disse que faria uma sindicância para apurar se houve participação de alguém que trabalhava no presídio de segurança máxima foi o ministro (Ricardo) Lewandowski.”

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que hoje ocupa a pasta da Justiça e Segurança Pública, está a caminho de Mossoró para acompanhar as buscas. A ida foi confirmada após a informação de que a dupla de fugitivos fez uma família refém entre a noite da sexta e a madrugada do sábado.

Lewandowski viajará acompanhado do diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza. Eles pretendem se reunir com os chefes das equipes que estão à frente das buscas dos criminosos. As agendas serão acompanhadas pelo titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), André Garcia, que está na cidade desde quarta-feira, data da fuga.

De acordo com a pasta, os dois fugitivos se mostraram desorientados e buscavam ter informações da região onde se encontravam. Eles estavam sujos, com odor ruim e descalços, segundo apurou a reportagem.

A desorientação, de acordo com a Senappen, faz as equipes de buscas acreditarem que a recaptura dos criminosos esteja próxima.

Agentes federais rechaçam corrupção no caso da fuga de Mossoró

A Federação Nacional dos Policiais Penais Federais, que congrega o sindicato de servidores dos cinco presídios federais do País, divulgou nota neste sábado, 17, para comentar a fuga de dois detentos da unidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta semana.

A categoria disse acreditar que não houve planejamento prévio por parte da dupla, e “sim uma oportunidade que foi aproveitada e obtiveram êxito”.

A manifestação tenta rechaçar qualquer suspeita quanto a eventuais favorecimentos ilícitos aos servidores, o que poderia ter auxiliado direta ou indiretamente na fuga. “É muito cedo para chegar a essa conclusão”, diz a nota assinada por Gentil Nei Espírito Santo da Silva, presidente da federação, que classificou comentários dessa natureza como “irresponsáveis”.

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