Lula: Um passo fundamental na construção da paz para os povos latino-americanos e uma reafirmação da vocação de paz da América do Sul" (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 10 de junho de 2023 às 15h18.
Última atualização em 10 de junho de 2023 às 15h19.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às redes sociais, neste sábado, para parabenizar o governo da Colômbia, que assinou na sexta o esperado acordo com o Exército de Libertação Nacional (ELN) para um cessar-fogo temporário de seis meses, durante negociações, em Havana, com a presença do presidente colombiano, Gustavo Petro, e do líder da guerrilha, Antonio García. O pacto inédito é o primeiro passo concreto da campanha pela "paz total" do presidente colombiano, que tem o fim da guerra de mais de meio século no país como principal bandeira de governo.
"Parabenizo a Colômbia, em particular o presidente Gustavo Petro, pelo acordo de cessar fogo com o ELN. Um passo fundamental na construção da paz para os povos latino-americanos e uma reafirmação da vocação de paz da América do Sul", disse Lula.
Ao assinarem o documento, as partes decidiram "fazer cumprir imediatamente os acordos de Cuba", entre os quais está "o cessar-fogo bilateral nacional e temporário", declarou ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, ao ler o texto no encerramento da terceira rodada da Mesa de Diálogos de Paz, na capital cubana.
A trégua será implementada progressivamente, em três etapas, com o fim de operações ofensivas previsto para 6 de julho e o início da plena vigência do cessar-fogo de 180 dias em 3 de agosto. Também em agosto começam a vigorar os mecanismos de monitoramento e verificação que serão negociados nos próximos dias. O documento prevê a criação de “um canal de comunicação entre as partes por meio do representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Colômbia”
Em um comunicado, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, parabenizou as partes pelo acordo. “São passos importantes que dão esperança ao povo colombiano, especialmente às comunidades mais afetadas pelo conflito”, afirmou Guterres.
O ELN é a guerrilha em atividade mais antiga da América Latina. Desde a campanha para a Presidência, Petro — um ex-guerrilheiro e o primeiro presidente colombiano de esquerda — declarava estar disposto a retomar as conversas com o ELN, após as “lições aprendidas com o acordo com as Farc”, assinado em 2016. Os guerrilheiros, por sua vez, sinalizaram "total disposição" para negociar desde que o presidente assumiu o poder.
No fim do ano passado, começaram as rodadas de conversas, com um encontro de representantes do governo e da guerrilha, na Venezuela. No último dia do ano, o governo colombiano chegou a anunciar que havia fechado o acordo de cessar-fogo por seis meses, mas a notícia foi rechaçada pelo ELN e as hostilidades continuaram.
Em fevereiro, após a segunda rodada de negociações, no México, o governo colombiano reconheceu o ELN como uma "organização política armada rebelde", em mais uma tentativa de fortalecer as chances de acordo. No mês seguinte, o ELN atacou uma base do Exército na zona rural do município de El Carmen, no que foi o incidente do tipo mais mortal desde que Petro chegou ao poder. Nove militares — sete soldados e dois suboficiais — morreram e outros oito ficaram feridos.
A retomada da violência imediatamente levantou dúvidas sobre o futuro das negociações e deixou em suspenso a realização deste terceiro ciclo de conversas em Cuba. Nos governos anteriores da Colômbia, outras tentativas de paz com o ELN fracassaram. Durante a presidência de Juan Manuel Santos (2010-2018) ocorreram negociações, mas o processo de diálogo foi interrompido pelo sucessor dele, Iván Duque (2018-2022), depois que membros do grupo armado atacaram uma escola de cadetes, em Bogotá, com um carro-bomba, em 2019