Lula com Motta e Alcolumbre em momento de harmonia (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
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Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 13h02.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viveu embates com o Congresso em 2025, mas encerrará o ano com uma relação menos tensa com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
O chefe do Executivo entrou em rota de colisão com Motta devido ao PL Antifacção e com Alcolumbre após a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em dezembro, porém, a relação melhorou após afagos públicos, liberação de emendas parlamentares e aprovação no Congresso de projetos de interesse do Palácio do Planalto.
O chefe do Executivo usou metáforas para afirmar que a crise foi superada e agradeceu o Legislativo, enquanto Motta afirmou que o parlamento “não faltou ao governo”.
Na última semana de trabalho do ano, o Congresso aprovou o corte de benefícios fiscais que deve garantir um aumento de arrecadação de cerca de R$ 20 bilhões em 2026, o que evitará o contingenciamento de gastos no ano em que Lula disputará a reeleição.
O presidente, por sua vez, fez uma troca no Ministério do Turismo para agradar a ala governista do União Brasil da Câmara e nomeou para chefiar a pasta Gustavo Feliciano, que também é próximo de Motta.
No discurso de posse, o novo ministro fez questão de deixar clara a proximidade. "Presidente Hugo, um paraibano assumir um ministério da República é um reflexo incontestável de sua discreta, mas inegável, forte liderança. O Ministério do Turismo é a sua casa porque a Paraíba é grata a seu apoio", afirmou.
O presidente da Câmara participou da cerimônia e elogiou Feliciano. "A decisão do senhor [Lula] de atender à indicação do nome de Gustavo Feliciano antes de tudo demonstra sua capacidade política e sua capacidade de agregar", afirmou. E prosseguiu: "O governo encerra o ano muito melhor do que iniciou".
Com Alcolumbre, por sua vez, a relação ficou tensa porque o presidente do Senado apoiava o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga de Luís Roberto Barroso no STF, mas teve a preferência ignorada por Lula, que indicou Messias para o cargo.
O chefe do Senado chegou a emitir nota pública após desentendimento a respeito da sabatina do escolhido para o Supremo.
“É nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas. Isso é ofensivo não apenas ao Presidente do Congresso Nacional, mas a todo o Poder Legislativo”, disse.
Após conversas, porém, a relação melhorou e Alcolumbre fez elogios a Lula. No fim do ano, em mais um gesto de paz, o presidente ligou para o chefe do Congresso para agradecer a aprovação do Orçamento de 2026.
O senador, no entanto, não garantiu apoio para aprovação de Messias para o Supremo e o governo ainda trabalha para diminuir a resistência ao advogado-geral da União na Casa.