FHC e Lula: cada um utiliza a internet de uma forma diferente (Ricardo Stuckert/PR)
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2012 às 17h57.
São Paulo – O mês de julho marca a entrada oficial na internet dos dois últimos presidentes do Brasil.
No dia 15, Luiz Inácio Lula da Silva colocou um vídeo de boas vindas aos internautas na página do Instituto da Cidadania. Cinco dias depois foi a vez de Fernando Henrique Cardoso lançar o Observador Político.
Em comum, os sites têm a força do nome dos dois ex-presidentes em sua divulgação. O Instituto da Cidadania já era o escritório de Lula antes de sua chegada ao Palácio do Planalto e, agora, será a sede do futuro Instituto Lula.
O Observador Político está abrigado no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), que foi criado em maio de 2004. Porém, na parte de destinada a missão e princípios, o site diz ser apartidário e politicamente independente.
De resto, as iniciativas têm objetivos e visões bem diferentes. A página do Instituto da Cidadania dedica praticamente todo o seu espaço aos compromissos de Lula. Até o tema futebol, sempre exaltado nos discursos do ex-presidente, ganha destaque com fotos do petista com Ronaldo e integrantes da torcida corintiana Gaviões da Fiel.
O site Observador Político, embora tenha o vídeo de FHC na sua página principal, não traz informações sobre a agenda do tucano. O objetivo da página é fomentar o debate em torno de diversos temas como Democracia Digital, Meio Ambiente, Drogas, Congresso etc.
O conteúdo dos vídeos (assista aos filmes nas próximas páginas) mostra bem as diferenças.
Lula, que fala de forma ininterrupta durante quase 4 minutos – e brinca com isso –, exalta os próprios feitos e projeta os seu próximos passos. Já a fala de FHC, que é mais curta e dividida em trechos intercalados com infografias, foca a importância de a sociedade participar dos debates sobre temas públicos.
O conteúdo do vídeo de Lula
Luiz Inácio Lula da Silva diz que ainda não desencanou totalmente da Presidência seis meses após deixar o cargo. Eu tenho viajado muito e as pessoas querem saber por que o Brasil deu certo e o que a presidenta Dilma vai fazer para que o Brasil dê mais certo ainda.
O petista se autodenomina um contador de casos de um governo bem sucedido. Demonstrando sinceridade, Lula diz que não sabe no que vai dar o novo espaço na internet, nem como vamos fazer e aproveita para ironizar os amigos da imprensa que continuam falando muito bem de mim, primeiro tentaram dizer que a presidenta Dilma era muito diferente de mim e depois passaram a dizer que ela era a mesma coisa, depois não era mais a mesma coisa, depois era fraca e depois era forte.
Lula diz que a presidente Dilma, assim como ele e milhões de brasileiros, faz parte de um programa vitorioso. É um projeto vencedor não apenas porque ganhou as eleições, mas porque tem o que fazer neste país até 2014, até 2018 e até dois mil e não sei quanto.
O ex-presidente da República de 2003 a 2010 diz que espera poder conversar com vocês daqui para frente neste pequeno espaço, trocar ideias e, quem sabe, fazermos alguns debates porque eu ainda tenho muitas coisas para fazer nesse país.
Lula diz que o instituto dele pretende fomentar políticas sociais na África e na América Latina. Você percebe que eu não mudei muito e continuo falando demais. Essa mesa aqui, se você prestar atenção, está na mesma sala que eu utilizada antes de ser presidente da República.(...) Eu espero contar com a colaboração de vocês. Vamos falar bem e falar mal dos outros. (...) Um abraço e deseje-me boa sorte.
O conteúdo do vídeo de FHC
Fernando Henrique Cardoso inicia a sua fala com um alerta: O pessoal que está muito acomodado aqui no Brasil dizendo que a sociedade é inerte e que todo mundo aceita tudo, vai devagar. Chega um momento que (a sociedade) diz ‘não, basta, chega’ e aí a internet joga um papel grande.
O tucano explica que o Observador Político tem o objetivo de convidar o internauta a debater os assuntos. Isso te enriquece como pessoa e, além disso, você tem a sensação – e não só a sensação – de que está colaborando para que as coisas avancem.
Quando o assunto é política, FHC quebra um paradigma. Política hoje não é coisa de um partido, não é coisa de uma instituição, não é coisa de um líder. É de todo mundo. O ex-presidente explica que os assuntos internacionais estão tão interligados via internet que não dá mais para alguém dar uma ordem. A mudança do mundo depende de mudança de comportamento e todos querem participar.
Será que a democracia vai melhorar por causa da internet? Depende, responde o tucano. A internet é um instrumento. Depende dos conteúdos, depende do que se diga, depende do que se consiga organizar.
FHC, que foi presidente da República de 1995 a 2002, conclui o vídeo dizendo que a internet permite novas formas de as pessoas criarem solidariedade e teias entre elas. Como muita gente está melhorando de vida no Brasil, está na hora de elas melhorarem mais profundamente, se interessarem mais umas pelas outras e pelo destino do conjunto da sociedade, opinando.