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Lula diz a Moro que vai ser candidato em 2018

O petista fez palanque político durante um dos capítulos mais tensos do interrogatório a que foi submetido pelo juiz da Lava Jato nesta quarta

Eleições 2018: "Depois de tudo que tá acontecendo eu tô dizendo alto e bom som que vou querer ser candidato à Presidência da República outra vez" (Nacho Doce/Reuters)

Eleições 2018: "Depois de tudo que tá acontecendo eu tô dizendo alto e bom som que vou querer ser candidato à Presidência da República outra vez" (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de maio de 2017 às 22h41.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um momento do interrogatório da Lava Jato para anunciar que vai se candidatar à Presidência em 2018.

"Depois de tudo que tá acontecendo eu tô dizendo alto e bom som que vou querer ser candidato à Presidência da República outra vez."

O petista fez palanque político durante um dos capítulos mais tensos do interrogatório a que foi submetido pelo juiz da Lava Jato nesta quarta-feira, 10.

Moro perguntou a Lula sobre o que ele teria dito aos agentes da Polícia Federal que o conduziram coercitivamente, em março de 2016. Na ocasião, segundo os federais, Lula disse que seria eleito em 2018 e que "se lembraria de todos eles".

"O sr. afirmou isso?", questionou o juiz. "Não sei se disse que me lembraria deles e também não sei se eu disse que seria eleito em 2018, uma eleição é que nem mineração, só depois da apuração é que você sabe o resultado. A verdade é que eu não lembro se disse ou não, mas eu posso dizer agora. Eu estava encerrando a minha carreira política porque se eu quisesse ser candidato eu seria em 2014, mas agora, depois de tudo que tá acontecendo, eu tô dizendo alto e bom som, vou querer ser candidato à Presidência da República outra vez."

Neste trecho do seu interrogatório, Lula se recusou a responder indagações do juiz, orientado por seus advogados, Cristiano Zanin Martins e José Roberto Batochio.

Moro leu na audiência trechos de entrevistas que o petista deu para setores da imprensa admitindo, na época do mensalão, erros do PT.

Na ocasião, ele declarou. "Olha, o PT se cometeu erro, minha tese é que tem que explicar para a sociedade brasileira, explicar o erro e que o partido pedisse desculpas ao povo."

"Vou seguir a orientação dos meus advogados", esquivou-se o ex-presidente nesta quarta-feira perante Moro.

O juiz insistiu. Indagou de Lula quem o "traiu com práticas inaceitáveis" - segundo o próprio petista teria declarado em entrevista na Granja do Torto.

Um dos advogados de Lula, Zanin Martins, interrompeu o questionamento e disse a Moro que ele não estava "julgando o PT".

Lula não resistiu e deu início a discurso como se estivesse no em campanha.

"Queria só dizer uma coisa doutor, eu na verdade tenho horas e horas para falar sobre esse assunto, mas uma coisa importante é ter claro o seguinte. Isso já passou, eu já fui julgado três vezes pelo povo brasileiro. O sr. se lembra como a foi a campanha de 2006, eu era triturado a cada debate da TV sobre a corrupção. Eu fui eleito com 62 por cento dos votos. Quando terminou meu mandato (o segundo), em outubro de 2010, quando a gente elegeu a presidente Dilma, em dezembro alcancei 87 por cento do bom e ótimo nas pesquisas de opinião pública e apenas três por cento de péssimo, acho que no gabinete dos tucanos."

"Ou seja", prosseguiu. "Eu não posso ser julgado pelo Código de Processo Penal numa coisa que fui julgado, dez, doze anos depois respondendo uma coisa que foi transitado em julgado. É decisão da Suprema Corte, demorou sete anos pra ser julgado, fui julgado no meio da eleição de 2012 e nós ganhamos a eleição em São Paulo."

Moro interrompeu.

"Mas a pergunta não é sobre pleitos eleitorais, só quero entender suas atividades em relação a esses fatos."

Lula insistiu.

"Doutor, eu não tô sendo julgado por minha relação com qualquer subordinado, a relação é de cada um. A minha é minha. Quando um político comete um erro ele é julgado pelo povo, ele não é julgado pelo processo de código penal. Eu fui julgado várias vezes pelo povo."

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