Brasil

Lula distribui alfinetadas a adversários e critica imprensa

O ex-presidente usou boa parte de seu discurso no evento de comemoração dos 35 anos do PT para distribuir alfinetadas

A presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (C) e o presidente do PT, Rui Falcão (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Fotos Públicas)

A presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (C) e o presidente do PT, Rui Falcão (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 22h04.

Belo Horizonte - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou boa parte de seu discurso de cerca de 40 minutos no evento de comemoração dos 35 anos do PT para distribuir alfinetadas a adversários e críticas à imprensa.

Sem citar nomes, o presidente de honra da legenda entremeou a história da legenda desde sua fundação com diversas indiretas aos tucanos que, segundo o petista, não "querem mais esperar outra derrota" nas urnas e "apostam no caos" buscando "atalhos para o poder".

Apesar de a maior parte das falas terem sido lidas, Lula manteve a tradição e ao menos a abertura de suas declarações foi feita de improviso. E usou este momento para comparar as investigações em torno de desvio de recursos da Petrobras com o mensalão, criticando a condução do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para depor nas investigações da Operação Lava Jato mediante ordem judicial.

"Ontem fiquei indignado. Tenho que ter cuidado para não passar aqui, nessa festa de 35 anos, a indignação. (Mas) seria mais fácil a Polícia Federal convidar nosso tesoureiro para se apresentar. Seria muito mais simples dizer que estou vendo o mesmo ritual que começou em 2012 no que chamaram de mensalão", disse. E direcionou críticas também à imprensa, que, de acordo com ele, mantém "um ritual" com renovação semanal de assuntos para atacar o PT.

Mas Lula direcionou mesmo suas baterias contra a forma como o partido tem sido tratado principalmente a partir da última campanha eleitoral, classificada pelo ex-presidente como "a mais difícil" enfrentada pela legenda. "Certamente, a mais suja. Aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer, falsear e até inventar episódios contra nosso partido, nosso governo e nossa candidata", disparou.

E, de acordo com o presidente, a derrota "despertou os mais baixos instintos" dos adversários.

"Tiveram a ousadia de pedir recontagem dos votos, como se o Brasil ainda fosse aquela república das eleições a bico de pena. Tentaram impugnar a prestação de contas da campanha e barrar a diplomação da presidenta. Tentaram criar um ambiente de inconformismo com o resultado que se recusam a aceitar democraticamente", enumerou. E ressaltou que "a luta não acabou". "Nossos adversários não podem dizer qual é o seu projeto, porque é antinacional, contrário ao desenvolvimento. Eles só podem atacar o PT e o nosso governo com as armas da irracionalidade e do ódio", salientou.

E, em meio à leitura de trechos do manifesto de fundação do PT, relacionou as mudanças pelas quais o País passou após o partido chegar ao governo federal.

Sem pontuar ações adotadas por Dilma nos primeiros dias do atual mandato criticadas por entidades sindicais e movimentos sociais, Lula fez uma comparação com o tratamento de um câncer pelo qual passou para defender medidas "duras" e "amargas" para "garantir avanços". Ao citar as sessões de quimioterapia e radioterapia a que teve que se submeter, disse que não houve "nada pior" na vida. "Mas era disciplinado e precisava para estar aqui bonitão", brincou.

Lula ainda deu um recado aos companheiros dizendo que "o verdadeiro problema do PT é que ele se tornou um partido igual aos outros", conclamando os correligionários a manter os ideais de fundação da legenda.

E garantiu que o partido jamais vai "trair o compromisso com o povo ignorante, que o príncipe da Sociologia tratou assim", em clara referência a seu antecessor na Presidência da República, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.

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