Lula defende "o bom do mercado com o bom do Estado"
Lula afirmou que a Petrobras está em segundo lugar entre as companhias de petróleo no mundo por "pouco tempo", já que deve crescer ainda mais
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.
Rio - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um tom político para seu discurso no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras, no início desta noite, no Rio de Janeiro, voltando a fazer duras críticas ao governo anterior.
"A elite que dirigiu este País não sonhava. Ela tinha pesadelos. Ela era subordinada ao FMI, era subordinada a tantas outras coisas", afirmou o presidente, dizendo que o País não quer mais se submeter a "quem vem dizer o que se deve fazer aqui". Durante seu discurso, o presidente lembrou que ouviu muitas críticas em relação ao papel do Estado na economia, mas que o ideal "é juntar o bom do mercado com o bom do Estado".
Lula afirmou que a Petrobras está em segundo lugar entre as companhias de petróleo no mundo por "pouco tempo", já que deve crescer ainda mais com o pré-sal.
"Eu tive o orgulho, eu, um metalúrgico que virou presidente da República, ter participado na semana passada da maior capitalização da humanidade, a maior do capitalismo e que elevou o patrimônio da Petrobras para US$ 220 bilhões. Não é real não. É em dólares. Virou a segunda empresa no mundo, só perdendo para ExxonMobil, por enquanto. Mas o Estrella (diretor de Exploração da Petrobras) promete mais pré-sal por aí...", disse Lula, em discurso para técnicos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras em cerimônia de inauguração da sua expansão.
Aplaudido de pé pelas autoridades presentes, com voz embargada que o impediu por diversos momentos de continuar o discurso, o presidente fez um breve resumo das dificuldades enfrentadas pelo País em seu governo e a forma como conseguiu superá-las. Citou nominalmente a crise do crédito subprime americano, para lembrar que o Brasil foi o que se saiu melhor no pós-crise.
"Fui achincalhado quando disse que aqui a crise seria uma marolinha, mas foi. Porque a gente tinha o BB, o BNDES e a Caixa, que salvaram o mercado quando todos estavam com medo. Em fevereiro nós já batemos recorde de vendas de automóveis, vamos gerar dois milhões de empregos e vamos terminar o ano com mais de 15 milhões de empregos", ressaltou.
O presidente também destacou os momentos logo no início do mandato em que tentou mudar um diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e instituiu o diretor financeiro da Petrobras, o hoje presidente José Sergio Gabrielli, contra os alertas de que "o mercado não gostaria".
"Não só gostaram como aplaudiram. A Petrobras cresceu e aumentou investimentos", destacou, completando que "nunca antes na história deste País alguém sonhou que a Petrobras pudesse ter o maior centro de tecnologia do mundo, assim como a elite deste País não sonhou com muitas outras coisas porque estava subordinada ao FMI e outros".
Lula também destacou a recuperação da autoestima do povo brasileiro e conclamou a todos a manter este ritmo. "Aprendemos a andar com a cabeça erguida, a gente está disposto a discutir com todo mundo, mas vir de fora para dizer o que a gente tem que fazer, a gente não aceita mais".
Especificamente sobre a Petrobras, Lula afirmou que, no passado, a empresa se paralisou, não investiu em pesquisa e não acreditou em si mesma. "Tem pessoas que passaram por ali que se contentaram com 1,6 milhão de barris por dia. Mas na hora em que a Petrobras resolveu acreditar e ousar, deu um salto de décadas", afirmou.
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