Lula critica troca na Petrobras e defende fim da paridade de preços
O presidente Jair Bolsonaro (PL) demitiu o terceiro presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que estava há pouco mais de 40 dias no cargo
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de maio de 2022 às 12h13.
Última atualização em 24 de maio de 2022 às 12h44.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repercutiu, na manhã desta terça-feira, a nova troca no comando da Petrobras . Lula, que tem se colocado contra a privatização da estatal e a política de paridade de preços da petroleira, afirmou que não adianta o presidente Jair Bolsonaro (PL) trocar o comando da estatal. "Ele tem de trocar de postura", disse o petista.
"Ele pode fazer uma reunião com o Conselho Nacional de Política Energética, trazer a Petrobras para mesa, trazer o conselho da Petrobras, e decidir que o preço não será dolarizado, que nós não vamos pagar o preço internacional, nós vamos pagar o preço do custo da gasolina aqui no Brasil", sugeriu o petista durante entrevista à rádio Rádio Mais Brasil News. Para Lula, Bolsonaro precisa "ter coragem de assumir a Presidência desse país de verdade".
LEIA TAMBÉM:
- Petrobras desaba 3% em NY após governo pedir nova troca de presidente
- Governo troca presidência da Petrobras e Caio de Andrade assumirá
O presidente Jair Bolsonaro (PL) demitiu o terceiro presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que estava há pouco mais de 40 dias no cargo. A fritura de Coelho foi antecipada pelo Estadão no dia 13 de maio, assim como a preferência por Caio Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização do Ministério da Economia para substituí-lo, o que foi formalizado nesta segunda-feira, 23.
Na entrevista, o pré-candidato do PT à Presidência reafirmou que caso eleito, não dará continuidade à política de teto de gastos públicos aprovada durante o governo de Michel Temer (MDB). Para o petista, a medida visa favorecer os banqueiros "gananciosos" e consiste em um mecanismo das "elites econômica e política" brasileiras para evitar investimentos em políticas públicas para a população. Lula ainda afirmou que o teto de gastos não é necessário em um "governo sério".
"Por que aprovaram teto de gastos? Porque os banqueiros são gananciosos. Eles exigiram que o governo garantisse o que eles têm direito de receber e tentaram criar problemas para investimento na saúde, na educação, na ciência e tecnologia", disse Lula.
Para o ex-presidente, essa política é um mecanismo da elite. "O teto de gastos foi uma forma da elite econômica brasileira e que a elite política fez para evitar que o pobre tivesse aumento dos benefícios, das politicas sociais, da educação e da saúde para garantir que os banqueiros não deixem de receber as coisas que o governo deve para ele."
A política de teto de gastos públicos, conhecida também como Emenda Constitucional 95, foi aprovada durante o governo de Michel Temer em 2016 e estabelece um limite para os gastos da União para os 20 anos seguintes, a contar a partir de 2017, tendo como base o orçamento do ano anterior. Com a medida, o governo federal tem seus gastos controlados por lei e limitados a um valor anual, que é corrigido todos os anos pela variação da inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior.
Caso o teto seja descumprido, fica proibida a elevação de despesas obrigatórias, como reajustes de salários de servidores, abertura de concurso público e concessão de incentivos fiscais. O texto da emenda ainda prevê que os critérios do teto de gastos podem ser revistos dez anos após de sua criação.
"No nosso governo haverá responsabilidade social e não teto de gastos", afirmou Lula. Candidato à reeleição e principal adversário do petista, o presidente Jair Bolsonaro já afirmou que pode rever a política de teto de gastos após as eleições.
LEIA TAMBÉM:Guedes passa a 'comandar' setor energético após mudanças na Petrobras