Brasil

Lula convoca PT e PMDB do Ceará para ajustar palanque

Ex-presidente vem conversando com os líderes numa tentativa de manter a aliança e asfixiar a candidatura de adversários de Dilma


	Ex-presidente Lula: uma primeira conversa ocorreu em São Paulo com o vice-presidente do PT, José Guimarães, que pretende disputar uma vaga para o Senado
 (Valter Campanato/ABr)

Ex-presidente Lula: uma primeira conversa ocorreu em São Paulo com o vice-presidente do PT, José Guimarães, que pretende disputar uma vaga para o Senado (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2014 às 19h38.

Brasília - Preocupado com o possível racha entre o PT e o PMDB no Ceará, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem conversando com os líderes dos dois partidos numa tentativa de manter a aliança e asfixiar, no Estado, a candidatura de adversários da presidente Dilma Rousseff.

Uma primeira conversa ocorreu na segunda-feira, 27, em São Paulo com o vice-presidente do PT, deputado federal José Guimarães (CE), que pretende disputar uma vaga para o Senado. "Conversei do tensionamento com o PMDB, o que de certa forma é natural da política", disse Guimarães ao Broadcast Político. "O Lula me pediu empenho para manter a aliança no Ceará", acrescentou.

Em jogo está a disputa por 5,8 milhões de eleitores registrados no Estado na última disputa presidencial, quando Dilma conquistou 66,3% dos votos na região durante o primeiro turno. Em 2010, o PT e o PMDB rumaram juntos no Ceará com a candidatura à reeleição do governador Cid Gomes, que no final do ano passado migrou do PSB para o PROS, após o racha de Eduardo Campos, presidente do PSB, com o PT.

A manutenção desta aliança para o próximo pleito é o que está no radar de Lula. Ela não está garantida uma vez que o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, quer o apoio dos outros dois "aliados" para lançar a candidatura ao governo. O impasse está no fato de que o peemedebista não consta na lista de indicação de Cid Gomes. O governador avalia atualmente os nomes do presidente da Assembleia Legislativa, José Albuquerque; do ex-ministro dos Portos, Leônidas Cristino; do deputado estadual Mauro Filho; e do vice-governador Domingos Filho.

Caso se confirme o lançamento de um nome do PROS ao governo do Estado, a tendência é que o PT siga junto e abandone o PMDB. "Continuo na mesma linha de manter a aliança e trabalhar pela candidatura da presidente Dilma. Mas se não for possível [a aliança], a conversa é outra", afirmou o senador Eunício Oliveira.

O peemedebista tem encontro marcado com Lula na próxima quinta-feira, 30, em São Paulo. Na bagagem, ele pretende levar o histórico da última eleição em que recebeu 2,6 milhões de votos para o Senado, número superior ao do governador Cid Gomes, que foi reeleito com 2,4 milhões de votos. Além do desempenho eleitoral, Eunício quer tentar convencer Lula a apoiá-lo apresentando as últimas pesquisas que o mostrariam na frente na disputa estadual.

Cientes das dificuldades de Lula em romper com Cid Gomes, os possíveis adversários de Dilma no próximo pleito vêm intensificando nos últimos dias uma aproximação com Eunício. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que deverá disputar a Presidência da República, teria ligado na semana passada para oferecer a cabeça de chapa no Estado para o peemedebista numa aliança em que Tasso Jereissati (PSDB) se candidataria ao Senado.

O presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que também deve disputar o Planalto, também teria sinalizado em conversas recentes com o senador o interesse na aliança PMDB-PSB para disputar contra o nome indicado por Cid Gomes. Campos e Cid romperam no final do ano passado quando este deixou o PSB por ser contra à candidatura do governador de Pernambuco à Presidência da República.

Uma aliança com o PMDB também é vista como estratégica pelos opositores de Dilma, uma vez que ela poderia garantir um tempo maior de propaganda eleitoral em rádio e TV para a campanha presidencial de Aécio e Campos no Estado.

Caso rume para esse desfecho, os dois adversários de Dilma também ganhariam um aliado que comanda atualmente a maior bancada do Senado.

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