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Lula: "Com direitos políticos, posso ser candidato para derrotar o bolsonarismo"

A declaração é dada dias após Haddad confirmar que recebeu orientação para se apresentar como potencial candidato do PT em 2022, caso ex-presidente continue vetado nas eleições

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Adriano Machado/Reuters)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 15h16.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2021 às 15h42.

Condenado na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira, 18, que pode disputar as eleições em 2022 caso o Supremo Tribunal Federal (STF) declare a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e devolva seus direitos políticos. "Para que eu seja candidato a presidente da República é preciso uma razão maior. Se for necessário para derrotar o tal do bolsonarismo, não tenha dúvida nenhuma que eu me colocaria à disposição. Mas isso ainda tem tempo para decidir", afirmou em entrevista ao colunista Kennedy Alencar, do portal UOL.

Lula disse ainda que uma eventual candidatura dependeria das "circunstâncias políticas" no próximo ano, mas deixou claro que será cabo eleitoral no campo da esquerda caso não entre oficialmente na disputa. "Vai depender do PT, das candidaturas dentro do partido, das alianças políticas", explicou.

A declaração é dada dias após o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, confirmar que recebeu orientação para "rodar o País" e se apresentar como potencial candidato do PT em 2022, caso ex-presidente continue vetado nas eleições.

O petista também voltou a criticar Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba - chamados de "quadrilha". Também reafirmou a inocência e falou sobre as expectativas para o julgamento que pode derrubar sua condenação. "Não sei qual será a decisão da Suprema Corte. O que eu sei é que eu sou refém da maior mentira jurídico-política contada nesse País para evitar que eu pudesse ser candidato à Presidência da República", disse. "Essa gente não estava atrás de combater a corrupção, eles queriam criar uma República de Procuradores."

O ex-presidente, que foi diagnosticado com o novo coronavírus durante uma viagem à Cuba para participar da gravação de um documentário sobre a América Latina dirigido pelo cineasta americano Oliver Stone, disse que foi um paciente assintomático. Ele ainda confirmou que vai tomar a vacina assim que o imunizante for disponibilizado para idosos com mais de 75 anos e chamou de "encenação política" o ato simbólico organizado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para imunizar os ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer no dia do aniversário da capital paulista.

Lula também falou sobre o presidente Jair Bolsonaro e fez críticas contundentes à condução da pandemia pelo governo federal - o que, na avaliação do petista, justificaria a abertura de um processo de impeachment na Câmara. O ex-presidente, no entanto, não vê chance de instauração do procedimento para cassação do mandato em um futuro próximo.

"Se a gente não conseguiu colocar impeachment em votação com Rodrigo Maia, certamente a gente não vai conseguir colocar agora com o (Arthur) Lira. Eu não acredito que haja um tempo agora de fazer o debate e nem que o Lira vai colocar em votação", avaliou. "O governo age de forma irresponsável e brinca o tempo todo desafiando a ciência. A situação é grave. A sociedade tem que perceber isso. (…) Essa brincadeira que ele [Bolsonaro] está fazendo com o coronavírus é uma estupidez. É o gesto de um homem insano, que não tem sentimento, respeito pela ciência, pela medicina e pelas 250 mil pessoas que já morreram", acrescentou.

Outro ponto criticado pelo ex-presidente foi a política armamentista do atual governo. "Ele pensa que os problemas do Brasil se resolvem com bala, cartucho. Só pode ser chamado de genocida", afirmou Lula.

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