Luisa Díaz e o papel do Brasil frente a Maduro
Antes aliada de Maduro, a procuradora agora é considerada uma das principais inimigas da “revolução bolivariana”
EXAME Hoje
Publicado em 23 de agosto de 2017 às 06h58.
Última atualização em 23 de agosto de 2017 às 07h29.
Até ontem exilada na Colômbia, a ex-procuradora-geral da Venezuela , destituída pelo regime de Nicolás Maduro, está agora no Brasil. Luisa Ortega Díaz será a grande presença nesta quarta-feira de um encontro de procuradores dos países-membros do Mercosul, em Brasília, a 22ª Reunião Especializada de Ministérios Públicos do Mercosul (REMPM). Antes aliada de Maduro, a procuradora agora é considerada uma das principais inimigas da “revolução bolivariana”. O governo de Maduro chegou a pedir ontem sua prisão para a Interpol.
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Destituída do cargo por formar oposição à Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, Luisa e seu marido, o deputado Germán Ferrer, foram obrigados a executar um plano de fuga do país. A dupla teve de percorrer trechos de lancha para atravessar a fronteira em segurança em direção à Colômbia. Por serem ex-integrantes do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), carregam informações fundamentais sobre o regime de Maduro, em especial por ter iniciado investigações no país sobre o esquema de corrupção protagonizado pela empreiteira brasileira Odebrecht na América Latina.
Na Venezuela, os desvios de dinheiro em obras públicas teria servido para financiar campanhas de Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez, que governou entre 1999 e 2012. As unidades do Ministério Público de países do Mercosul acreditam que a procuradora tem informações preciosas sobre peças centrais do chavismo. São informações sensíveis e que podem intensificar os conflitos existentes entre a Venezuela e o restante do bloco.
O convite a Luisa feito pela Procuradoria-Geral da República pode colocar o Brasil novamente em posição central na oposição aos desmandos de Maduro. Na semana passada, o vice-presidente norte-americano Mike Pence fez viagem à América do Sul para tratar de assuntos de crise venezuelana, mas não veio ao Brasil. Michael Shifter, presidente da ONG Diálogo Interamericano, disse que “o Brasil está bastante concentrado em sua situação interna, apenas se uniu a outros países em condenações à Venezuela, mas não tem desempenhado papel de liderança em relação à crise”. Como presidente do Mercosul, é natural que o país assuma a linha de frente. Esta pode ser uma oportunidade.