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‘Limpeza’ de sem-teto custa R$ 100/mês

O trabalho é citado em ata de reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Santa Cecília, Campos Elísios e Barra Funda, e é chamado de "limpeza"

Bairro de Santa Cecília, região central de SP (Afonso Lima/SXC)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2014 às 11h54.

São Paulo - Nos últimos três meses, moradores de rua que se aglomeravam na região da Praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília, centro de São Paulo , têm sido impedidos de permanecer no local. Eles estariam sendo expulsos por seguranças privados, contratados por alguns comerciantes e moradores do bairro.

O trabalho é citado em ata de reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Santa Cecília, Campos Elísios e Barra Funda, e é chamado de "limpeza". Os comentários de participantes do encontro, realizado no dia 4 de novembro, incluem agradecimentos a ações das Polícias Militar e Civil, cujos representantes assinaram a ata, mas negaram participação no serviço de "limpeza".

O Estado entrevistou comerciantes que confirmaram a ação. "A maioria contribui mensalmente. Se você levar para a análise da segurança, tem uma pessoa na sua porta que sabe de toda a sua vida. Hoje, a segurança privada é fundamental. Não sou contra os mendigos. O Estado não pode é permitir que eles cheguem a essa situação", afirma o comerciante Roberto Laranjeira, de 53 anos, que tem uma loja na Avenida São João há cinco anos.

Outro comerciante, que não quis ser identificado, diz que paga R$ 100 por mês para que os moradores de rua sejam afastados da área. "Há uns dois, três meses, eles limparam tudo na praça (Marechal Deodoro). Os seguranças vão tocando eles. Quando se deitam, falam: ‘Aqui não pode’", conta.

O presidente do Conseg local, Fábio Fortes, confirma a medida. "Há três meses, eles começaram a se organizar. É a espontaneidade de condomínios, moradores e comerciantes cansados da ineficácia do poder público. E pagam. Não sei quem é (o organizador), mas, cada vez mais, as pessoas não querem ser tocadas pelo ciclo da miséria e da decadência que o poder público permite."

Pároco da Igreja de Santa Cecília, o padre Alfredo Nascimento Lima também está incomodado com a situação, embora afirme ser contrário à retirada dos moradores por seguranças. "Tivemos uma diminuição de 40% da população que vinha para a missa. Já entrei em contato com a Prefeitura, mas parece que isso não incomoda ninguém do poder público."

‘Orientação’. Presente na reunião, em que se afirmou que "o Capitão (da PM) agiu e o delegado agiu", o delegado do 77.º DP (Santa Cecília) Wilson Roberto Zampieri nega ações contra os moradores de rua e diz que eles não causam problemas para a Polícia Civil, que concentra as iniciativas contra usuários de drogas e criminosos.

Zampieri diz que dá "orientação". "Chega a denúncia que o morador de rua está com arma branca, ameaçando, e a gente vai lá e conversa, fala para não ficar durante o dia na frente do comércio. É orientação, porque é problema social. Eles entendem. A gente conversa para evitar o transtorno dos moradores e dos comerciantes."

Comandante da 2.ª Companhia do 13.º Batalhão de Polícia Militar, o capitão Helde Bezerra da Silva disse que "desconhece" a atuação dos seguranças privados e afirmou que a corporação não age contra moradores de rua. "A Polícia Militar não é ferramenta de higienização social."

Sobre a "ação" citada na ata do Conseg, ele diz que pode ter relação com a ampliação do patrulhamento local. "Se o policiamento é intensificado e a aglomeração de moradores de rua decide sair dali por algum motivo, é outra questão." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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São Paulo - Nos últimos três meses, moradores de rua que se aglomeravam na região da Praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília, centro de São Paulo , têm sido impedidos de permanecer no local. Eles estariam sendo expulsos por seguranças privados, contratados por alguns comerciantes e moradores do bairro.

O trabalho é citado em ata de reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Santa Cecília, Campos Elísios e Barra Funda, e é chamado de "limpeza". Os comentários de participantes do encontro, realizado no dia 4 de novembro, incluem agradecimentos a ações das Polícias Militar e Civil, cujos representantes assinaram a ata, mas negaram participação no serviço de "limpeza".

O Estado entrevistou comerciantes que confirmaram a ação. "A maioria contribui mensalmente. Se você levar para a análise da segurança, tem uma pessoa na sua porta que sabe de toda a sua vida. Hoje, a segurança privada é fundamental. Não sou contra os mendigos. O Estado não pode é permitir que eles cheguem a essa situação", afirma o comerciante Roberto Laranjeira, de 53 anos, que tem uma loja na Avenida São João há cinco anos.

Outro comerciante, que não quis ser identificado, diz que paga R$ 100 por mês para que os moradores de rua sejam afastados da área. "Há uns dois, três meses, eles limparam tudo na praça (Marechal Deodoro). Os seguranças vão tocando eles. Quando se deitam, falam: ‘Aqui não pode’", conta.

O presidente do Conseg local, Fábio Fortes, confirma a medida. "Há três meses, eles começaram a se organizar. É a espontaneidade de condomínios, moradores e comerciantes cansados da ineficácia do poder público. E pagam. Não sei quem é (o organizador), mas, cada vez mais, as pessoas não querem ser tocadas pelo ciclo da miséria e da decadência que o poder público permite."

Pároco da Igreja de Santa Cecília, o padre Alfredo Nascimento Lima também está incomodado com a situação, embora afirme ser contrário à retirada dos moradores por seguranças. "Tivemos uma diminuição de 40% da população que vinha para a missa. Já entrei em contato com a Prefeitura, mas parece que isso não incomoda ninguém do poder público."

‘Orientação’. Presente na reunião, em que se afirmou que "o Capitão (da PM) agiu e o delegado agiu", o delegado do 77.º DP (Santa Cecília) Wilson Roberto Zampieri nega ações contra os moradores de rua e diz que eles não causam problemas para a Polícia Civil, que concentra as iniciativas contra usuários de drogas e criminosos.

Zampieri diz que dá "orientação". "Chega a denúncia que o morador de rua está com arma branca, ameaçando, e a gente vai lá e conversa, fala para não ficar durante o dia na frente do comércio. É orientação, porque é problema social. Eles entendem. A gente conversa para evitar o transtorno dos moradores e dos comerciantes."

Comandante da 2.ª Companhia do 13.º Batalhão de Polícia Militar, o capitão Helde Bezerra da Silva disse que "desconhece" a atuação dos seguranças privados e afirmou que a corporação não age contra moradores de rua. "A Polícia Militar não é ferramenta de higienização social."

Sobre a "ação" citada na ata do Conseg, ele diz que pode ter relação com a ampliação do patrulhamento local. "Se o policiamento é intensificado e a aglomeração de moradores de rua decide sair dali por algum motivo, é outra questão." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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