José Guimarães (PT-CE): deputado afirmou que a relação entre o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara foi recomposta (Câmara dos Deputados/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 13h31.
O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, afirmou nesta quinta-feira, 18, que a relação entre o governo Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi recomposta após um período de tensões.
Segundo o líder, as últimas votações produziram um saldo político expressivo ao destravar pautas consideradas difíceis.
"Agora terminamos o ano com um saldo político positivo e a relação foi retomada. Estava estrangulada quando vieram aquelas três matérias [o PL da Antifacção, a MP do IOF e a MP da reorganização dos ministérios]. Houve acirramento, mas o diálogo foi retomado e foi vitorioso. A relação do governo com a Câmara termina em outro patamar" afirmou, em café com jornalistas.
O Executivo e o Congresso têm se desentendido repetidas vezes nos últimos dois meses. Algumas pautas governistas têm sofrido derrota na Câmara, como a MP 1303, alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em outubro.
O estremecimento na relação entre Planalto e Câmara aumentou em novembro, após o chefe da Casa indicar o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o projeto enviado pelo governo para endurecer as penas de integrantes de facções criminosas.
A proposta era uma das principais apostas do Palácio do Planalto para ganhar força no debate sobre a segurança pública, mas Motta indicou um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e secretário de Segurança Pública do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para relatar a matéria.
Outros episódios fortaleceram esse cisma entre poderes, como a ocupação da Mesa Diretora por parlamentares bolsonaristas.
Ao avaliar a gestão de Hugo Motta, o petista Guimarães tratou o fato como episódio isolado. Segundo ele, o presidente da Câmara deve fechar o ano politicamente fortalecido.
"Aquele episódio foi um ponto fora da curva. Acho que o resultado da gestão tem que ser medido no final, e o final é que a Câmara sai fortalecida", disse Guimarães.
Ele atribui a mudança de cenário a um esforço de negociação contínuo, com participação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Para o líder do governo, o balanço da presidência da Câmara não deve ser feito pelo auge da crise, mas pelo desfecho: com as votações concluídas e a agenda econômica andando, Motta sai com a imagem de alguém capaz de entregar resultados.
Na mesma linha, ele destacou a aprovação do corte linear de benefícios fiscais, com inclusão de medidas que haviam sido derrubadas na MP alternativa ao IOF, como a taxação de bets, fintechs e juros sobre capital próprio. Segundo ele, o pacote ajudou a reduzir a desconfiança entre governo e Câmara e reforçou a articulação do Planalto no fim do ano.
Na quarta-feira, 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que Celso Sabino deixaria o governo. No dia anterior, Lula conversou por telefone com Motta e avisou da troca.
No lugar de Sabino, deve ser nomeado Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB) e aliado de Motta na Paraíba.
Na avaliação de Guimarães, a movimentação ajuda na recomposição da base. "A minha expectativa é que, com a indicação do ministro do União Brasil, a gente consiga costurar uma base de pelo menos 257 votos", afirmou.
*Com informações do O Globo