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Levy tem "prazo de validade", diz parlamentar governista

A ideia é que Meirelles agradaria ao mercado financeiro mas também traria algum alento para os movimentos sociais que sustentam o PT


	O ministro da Fazenda, Joaquim Levy: pressão sobre sua saída não é nova
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy: pressão sobre sua saída não é nova (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2015 às 13h09.

Brasília/São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem "prazo de validade" no cargo, onde deve ficar até o final do ano, no máximo início de 2016, segundo duas fontes com conhecimento sobre o assunto ouvidas pela Reuters, e crescem as pressões sobre a presidente Dilma Rousseff para escolher o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para substituí-lo.

"Não tem nenhum sentido o Levy sair agora... mas tem prazo de validade", afirmou um parlamentar governista, que pediu anonimato, lembrando que boa parte do pacote fiscal desenhado por Levy ainda está em tramitação no Congresso Nacional.

A pressão sobre a saída de Levy não é nova e vem também da direção do PT, mais precisamente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da legenda, Rui Falcão, que apostam em Meirelles como a solução por considerá-lo mais "maleável", segundo outra fonte.

A ideia é que, pelo seu perfil técnico, mas também político, Meirelles agradaria ao mercado financeiro mas também traria algum alento para os movimentos sociais que sustentam o PT. O ex-presidente do BC poderia negociar melhor no Congresso Nacional, que vive verdadeiro pé de guerra com Dilma, e poupar os programas sociais do governo, com destaque ao Bolsa Família.

Com as contas fiscais em xeque, já há proposta no Congresso de que haja corte de 10 bilhões de reais do Bolsa Família no Orçamento de 2016. [nL1N12K210] Presidente do Conselho da J&F, holding controladora da JBS , Meirelles foi filiado ao PSDB, partido pelo qual se elegeu deputado federal em 2002. Ele acabou não assumindo o mandato para presidir o BC no governo Lula e deixou o PSDB.

Em 2009 voltou a filiar-se a um partido político, o PMDB, onde ficou até 2011, e agora está no PSD, do ministro da Cidades, Gilberto Kassab.

A cúpula do PT e de parte do Executivo está incomodada com o discurso "negativo" de Levy, com o mantra em torno de aumento de impostos e cortes de gastos para resolver a questão fiscal do país.

A presidente Dilma nunca escondeu que não gosta de Meirelles mas, segundo as fontes, estaria sendo convencida de que ele seria a solução para o atual momento, com o país em recessão e inflação na casa dos 10 por cento.

"(A presidente Dilma)já entendeu que não dá, vão-se os anéis e ficam os dedos", afirmou o parlamentar. "Ela está nas cordas." Meirelles foi o presidente do BC mais longevo da história do país, tendo permanecido no cargo nos dois mandatos de Lula, de 2003 a 2010.

Dentro do Palácio do Planalto, a defesa é de permanência de Levy ao menos enquanto Dilma o considerar necessário. Segundo um ministro próximo à presidente, não há definição sobre eventual substituto de Levy.

"Ele (Levy) sempre foi um 'outsider` no governo. Apesar da presidente tentar falar para fora do governo que ele é um cara dela, ele não tem uma proteção tão forte do Planalto", avalia o ministro.

"Ele não conseguiu se firmar como o cara da economia. Ele está sempre na berlinda. O maior problema é a falta de um substituto.”

No Planalto também há a cobrança para que se comece a tratar de uma agenda pós-ajuste fiscal, de cunho mais positivo.

Nos últimos dias, Dilma cobrou de Levy essa agenda, mas mesmo ministros próximos à presidente acreditam que Levy ficou marcado pelo ajuste e se desgastou a ponto de não ter mais espaço para falar de pós-ajuste.

Procurados para comentar o assunto via assessoria de imprensa, o Ministério da Fazenda e o Palácio do Planalto não haviam respondido até a publicação desta reportagem.

Texto atualizado às 14h09

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