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Letalidade policia cresce 188% em 10 anos; negros são as principais vítimas, aponta Anuário

Em 2023, o país teve 6.393 mortes por intervenções policiais

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 18 de julho de 2024 às 10h04.

Última atualização em 18 de julho de 2024 às 10h35.

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O Brasil teve 6.393 mortes por intervenções policiais em 2023, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira, 18, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa uma taxa de 3,1 por 100 mil habitantes e é 13,8% do total de mortes violentas do país, que chegou a 46.328 em 2023.

Nos últimos 10 anos, o número de mortes por intervenções policiais cresceu 188,9%, na contramão das mortes violentas que vêm caindo desde 2018. Os dados mostram ainda que as vítimas de intervenções policiais são predominantemente os negros (pretos e pardos).

Essa parcela da população compõe 82,7% desse conjunto de vitimados. A taxa de mortalidade dos negros, quando comparada à dos brancos, é substancialmente maior: 3,5 de pessoas negras contra 0,9 de pessoas brancas. O Anuário aponta que o risco relativo de um negro morrer em uma intervenção policial é 3,8 vezes superior ao de um branco.

As cidades em que a polícia mais matou

Jequié (BA) lidera entre as dez cidades com as maiores taxas de letalidade policial, com 46,6 mortes por 100 mil habitantes, seguida por Angra dos Reis (RJ), com 42,4; Macapá (AP), com 29,1; Eunápolis (BA), com 29,0; e Itabaiana (SE), com 28,0. A Bahia é o estado com mais municípios no ranking, com cinco.

Com base na análise dos microdados dos boletins de ocorrência, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública calculou a proporção da letalidade policial no total das mortes violentas nessas cidades e verificou que em Angra dos Reis, 63,4% dessas mortes foram provocadas pelas forças policiais. Em Itabaiana, mais da metade dos homicídios (63%) se deve à ação de policiais, assim como em Jequié (55,2%) e Lagarto (54,3%).

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