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Leite renunciará ao governo do RS e prepara "Dia do Fico" no PSDB

Estratégia prevê a possibilidade de um acordo com o MDB e o União Brasil para o lançamento de uma candidatura única à Presidência da República

Eduardo Leite: governador do RS esteve na casa de FHC, em São Paulo.  (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Eduardo Leite: governador do RS esteve na casa de FHC, em São Paulo. (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de março de 2022 às 20h02.

Última atualização em 25 de março de 2022 às 20h11.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), vai deixar o cargo na próxima segunda-feira, 28, mas deve permanecer nas fileiras tucanas. Leite prepara o "Dia do Fico" no PSDB em uma estratégia que prevê a possibilidade de um acordo com o MDB e o União Brasil para o lançamento de uma candidatura única à Presidência da República.

O impasse para o acerto político ainda é o governador de São Paulo, João Doria, que teve o nome aprovado em prévias do PSDB, em novembro, como candidato do partido à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Aliados de Leite, no entanto, avaliam que, como Doria não cresceu nas pesquisas de intenção de voto até agora, pode sair do páreo para dar lugar a Leite se houver um apelo desses partidos em nome de uma aliança que demonstre unidade.

A ideia do grupo é que Leite seja o candidato ao Palácio do Planalto e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), vice na chapa. Embora Simone e Leite também tenham baixíssimos índices nas pesquisas, apoiadores do gaúcho observam o alto patamar de rejeição de Doria. Dizem, ainda, que pesquisas mostram potencial de crescimento para o Leite.

Até a semana passada, o governador do Rio Grande do Sul estava inclinado a aceitar o convite do PSD do ex-ministro Gilberto Kassab para concorrer à Presidência e vinha dando todos os sinais nesse sentido. O temor de isolamento no partido de Kassab no entanto, o fez repensar a troca de legenda, segundo interlocutores ouvidos pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"Acredito que o governador do Rio Grande do Sul tende a ficar e trabalhar para ser o candidato da unidade da terceira via, filiado ao PSDB", disse o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) ao Estadão/Broadcast. Desafeto de Doria, Aécio faz articulações políticas para lançar Leite à Presidência no lugar do paulista.

Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) foi na mesma linha. "Eu diria que há 90% de probabilidade de Eduardo Leite ficar no PSDB", afirmou Tasso em entrevista à CNN. "Não o vejo candidato por outro partido. Dentro do PSDB, ele deve ser uma eventual alternativa."

Sinais trocados

Até agora, Leite vinha dando todos os sinais de que estava disposto a ingressar no PSD. O caminho para que ele disputasse o Planalto pela nova sigla ficou livre após o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desistir de lançar a candidatura à Presidência.

Kassab chegou a dizer que o gaúcho era uma "alternativa extraordinária" ao senador mineiro. Mas, desde que Leite recebeu uma carta na qual a cúpula do PSDB o elogia e pede sua permanência nas fileiras do partido, tudo mudou. O governador ficou mais recluso e tem evitado falar de política em público.

O principal argumento usado pela ala "anti-Doria" do PSDB para tirá-lo do páreo, quatro meses após as prévias, é o de seu alto índice de rejeição. No levantamento Datafolha divulgado nesta quinta-feira, 24, Doria aparece com 2% de intenção de voto e 30% de rejeição. Leite marca 1% e 14%, respectivamente.

"O Eduardo tem uma sensibilidade política que vai ajudar muito no caso de ele ser candidato", afirmou o ex-senador José Aníbal ao Estadão/Broadcast Político. Para Aníbal, a rejeição de Doria é "um peso a ser carregado" pelo partido.

Uma ala do PSDB, porém, rejeita o movimento para tirar Doria do jogo. Em entrevista ao Papo com Editor, do Broadcast Político, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) disse que discutir agora a troca de candidato na disputa pelo Planalto é "ficar sangrando em público". Na avaliação de Moreira, é preciso "dar uma chance" ao governador de São Paulo para que ele faça sua campanha.

A lei eleitoral determina que ocupantes de cargos públicos que desejam disputar eleições deixem os cargos até 2 de abril. Leite sairá antes, na próxima segunda-feira.

Em conversas com tucanos, o governador do Rio Grande do Sul tem avaliado que o PSD de Kassab é um partido muito dividido, com quadros que apoiam Bolsonaro, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior, e outros que preferem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso do senador Omar Aziz (AM). O próprio Kassab já fez acenos a Lula.

Mesmo quando citava a possibilidade maior de ir para o PSD, Leite ponderava que era preciso apoio político à sua eventual candidatura. "Não pode ser por vaidade. Eu não vou entrar numa disputa para fraturar uma já difícil terceira via, para dispersar ainda mais. Eu quero entrar se for, de fato, para ajudar a aglutinar e tentar ajudar a construir um projeto viável não para facilitar a polarização", disse o governador, no último dia 16, na Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), em Porto Alegre.

Naquele mesmo dia, durante o ato de filiação da ex-senadora Ana Amélia Lemos ao PSD, Kassab disse torcer para que o gaúcho tivesse "boas inspirações" nos dias seguintes, numa referência à decisão sobre a troca de partido.

Presidente do Cidadania, partido que vai formar uma federação com o PSDB, Roberto Freire pediu a Leite que fique no ninho tucano. "Ele é uma grande liderança, jovem. É importante ele ficar junto conosco. Tudo indica que ele vai ficar", afirmou. Para Freire, as conversas com o MDB e o União Brasil para lançar uma candidatura única ao Planalto estão "muito positivas".

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