A Operação Lava Jato será um dos principais pontos de debate do processo que escolherá o próximo procurador-geral da República (Divulgação / Polícia Federal)
Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2015 às 12h17.
São Paulo - Passada menos de uma semana do início da disputa pelo cargo de procurador-geral da República, correntes adversárias já começaram a trocar mensagens em clima de "bate-boca" no sistema interno do Ministério Público Federal.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a uma troca de mensagens entre procuradores por meio do sistema interno do MPF que mostra que a Operação Lava Jato será um dos principais pontos de debate do processo que escolherá o próximo procurador-geral.
Em uma dessas mensagens, encaminhada na noite da última quinta-feira, 18, pelo coordenador da Força Tarefa e responsável pelas investigações da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol, responde críticas feitas pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, um dos candidatos a procurador-geral.
Frederico foi o primeiro a se inscrever no processo e é tido como o principal oposicionista à recondução do atual procurador-geral, Rodrigo Janot. O candidato vem fazendo críticas abertas ao comando do Ministério Público, especialmente sobre a condução das investigações de políticos, que são alvos de inquéritos no Supremo Tribunal Federal.
Fred, como é conhecido o subprocurador, diz que Janot tem demorado para mostrar resultados nas investigações de parlamentares e autoridades.
Ele se refere ao fato de não ter havido ainda nenhuma denúncia contra investigados na Suprema Corte. A expectativa é de que isso ocorra entre julho e agosto.
Na resposta às críticas na condução da Lava Jato, Dallagnol disse que Frederico, embora tenha boa intenção, tem feito críticas por "falta de conhecimento" profundo do caso, "o que é escusável em virtude de sua dimensão e complexidade, mas me leva a fazer apenas um rápido esclarecimento, por questão de justiça", escreveu o chefe da força-tarefa no texto distribuído internamente.
Dallagnol disse que ainda não foi feita nenhuma denúncia de políticos que são investigados perante o Supremo por "falta de prova suficiente, que está sendo coletada com prioridade absoluta."
O procurador afirmou ainda que no caso do STF há maior complexidade na obtenção de provas e que as investigações têm se baseado, até então, sobretudo nas delações.
No dia seguinte, Frederico encaminhou uma mensagem em resposta a Dallagnol afirmando que fez críticas diretamente a Janot e incitando que o procurador-geral se manifeste. "Entendo sua boa intenção em oferecer explicações, mas, caso você não tenha percebido, minha crítica se refere à demora de resultados, dirigida ao procurador-geral da República" disse, acrescentando que, portanto, "cabe a ele responder, se assim entender, a referidas críticas, pois tenho certeza de que é pessoa de cabedal jurídico elevado para tanto, dispensando ajuda", completou.
Candidatos
Teve início no último dia 16 a campanha para formação de uma lista tríplice de candidatos ao cargo de procurador-geral da República. O mandato de Janot como procurador-geral da República termina no dia 17 de setembro.
Além do procurador-geral, que busca a recondução ao cargo, e Frederico, estão inscritos os subprocuradores Raquel Dodge, que é vista como adversária moderada de Janot, e Mário Bonsaglia, tido como aliado.