Horácio (Pacific Press / Colaborador/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de novembro de 2019 às 08h02.
Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 11h42.
Rio de Janeiro — A força-tarefa da Lava Jato deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), uma nova fase da Operação Câmbio Desligo, denominada Patron, para investigar grupo que deu apoio a fuga e à ocultação de bens de Dario Messer, conhecido como o "doleiro dos doleiros".
O também doleiro Najun Azario Flato foi preso no âmbito da ação, que mira, ainda o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes. O juiz federal Marcelo Bretas decretou a prisão do ex-presidente.
O mandado contra Cartes, que foi chefe de estado do Paraguai de 2013 a 2018, já se encontra na difusão vermelha da Interpol, o que significa que também pode ser preso em outros países que não o Brasil.
Segundo a PF, o nome da Operação, Patron, espanhol para "patrão" é o termo que Dario Messer utilizava para se referir a Cartes. O doleiro foi preso no fim de julho, em São Paulo, em uma ação coordenada da Polícia Federal e da Procuradoria da República.
O advogado Eduardo Campos, um dos representantes de Cartes, disse que a acusação feita pelas autoridades brasileiras não têm sentido, e que uma equipe de advogados do Brasil vai representar o ex-presidente paraguaio no caso.
"Não existe nem sequer um telefonema, um contato, nenhuma reunião com o senhor Dario Messer. É surpreendente que estejam o acusando (Cartes) de ter ajudado a se esconder ou a fugir, afirmou Campos à rádio 970, de Assunção.
Cartes, um empresário do setor de tabaco, de 63 anos, é considerado um dos homens mais ricos do Paraguai e lidera um movimento do partido governista que há alguns meses foi fundamental para frear um processo de impeachment do presidente Mario Abdo.
O presidente do Congresso paraguaio, Blas Llano, afirmou que o ex-presidente tem impunidade por ser senador vitalício, de forma que precisaria ter a prerrogativa de foro retirada para enfrentar qualquer processo.
A operação tem como alvo doleiros utilizados no esquema de corrupção e propina do ex-governador Sérgio Cabral, que está preso desde 2017 e já foi condenado a penas que somam mais de 200 anos de reclusão.
Na manhã desta terça, agentes cumprem 37 mandados —16 de prisão preventiva, três de prisão temporária e 18 de busca e apreensão. As ações são realizadas na Grande São Paulo, em Ponta Porã (MS), no Rio de Janeiro e em Armação dos Búzios (RJ). Há ainda o cumprimento de ordens na fronteira com o Paraguai.
Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Entre os investigados há residentes do Paraguai e dos Estados Unidos.
As investigações identificaram que Dario Messer ocultou cerca de US$ 20 milhões. Desse montante, mais de US$ 17 milhões teriam sido alocados em um banco nas Bahamas e o restante pulverizado no Paraguai entre doleiros, casas de câmbio, empresários, políticos e uma advogada.
A operação é realizada pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita.