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Lava Jato atinge obra da Mendes Júnior

Sem crédito na praça e sem receber da estatal, a construtora não fez o pagamento da segunda parcela do 13º salário

Refinaria feita pela Mendes Junior: de férias coletivas desde o dia 18, os funcionários voltaram ao trabalho na segunda-feira e continuam parados (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 11h09.

São Paulo - Os funcionários da construtora Mendes Júnior, nas obras de Transposição do Rio São Francisco, já começaram a sentir os efeitos da operação Lava Jato , da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção nos contratos da Petrobrás .

Sem crédito na praça e sem receber da estatal, a construtora não fez o pagamento da segunda parcela do 13º salário, previsto para 20 de dezembro, para os cerca de 500 empregados que continuam na obra.

De férias coletivas desde o dia 18, os funcionários voltaram ao trabalho na segunda-feira, 7, e continuam parados. "No escritório da empresa (em Salgueiro-PE), dizem que não há dinheiro nem para comprar combustível para colocar nos veículos e equipamentos da obra. Por isso, os funcionários ficam de braços cruzados sem saber o que fazer", afirma o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav), Luciano Silva.

Além de entrar com uma ação na Justiça reivindicando o pagamento do 13º salário e por dano moral coletivo, o sindicato fará hoje uma mobilização na BR-232 para protestar contra a situação.

"A empresa disse que fará o depósito hoje, quando vence também o salário dos funcionários. Mas ela está falando isso todos os dias", diz Silva.

Segundo ele, nos últimos meses, a Mendes Júnior demitiu quase 2.500 pessoas no canteiro de obras do lote 8, que deverá ser concluído apenas em 2016. "Tem muita coisa para fazer nesse trecho." Procurada, a Mendes Júnior não respondeu ao pedido de entrevista.

Fontes do setor de construção, que preferem não se identificar, afirmam que a situação da empresa, como a de outras construtoras envolvidas no escândalo de corrupção, é bastante delicada, com risco até de ter de pedir recuperação judicial. Só na Mendes Júnior Engenharia, o valor de debêntures previsto no balanço de 2013 somava R$ 1,91 bilhão.

Na época, o grupo tinha 40 projetos em andamento, como a Transposição do São Francisco, Rodoanel Norte de São Paulo e o Porto de Santana (AP).

Não é a primeira vez que a Mendes Júnior passa por maus bocados. No início da década de 90, com dívidas e sem poder disputar licitações por causa de uma pendência com a Chesf, a empresa quase quebrou.

Só em 1998 a companhia começou a engrenar com novos contratos para a construção de rodovias, hidrelétricas e na área de petróleo e gás.

Na opinião de especialistas, o risco é que as obras de outras áreas tocadas pelas construtoras envolvidas na Lava Jato sejam atingidas. Com caixa debilitado, as empresas vão passar por momentos complicados, sem dinheiro até para fazer a rescisão dos funcionários, afirma um executivo do setor.

Rebaixamento

Outra empresa que corre o risco de entrar em recuperação judicial é a OAS, alerta a agência de classificação de risco Fitch Rating. Ontem, pela segunda vez em menos de uma semana, a agência rebaixou a nota de crédito da empresa.

Desta vez, de C para RD, o que significa que a empresa está inadimplente, mas legalmente ainda não entrou em processo de recuperação judicial.

A revisão ocorreu porque a empresa não fez o pagamento de principal e juros relacionados à nona emissão de debêntures, de R$ 103 milhões, com vencimento em 5 de janeiro.

Ela também não pagou US$ 16 milhões de juros de um título de US$ 400 milhões com vencimento em 2021. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo – Entre julho e setembro, apenas 7 das 20 construtoras do país com capital aberto conseguiram ampliar os bons resultados – as demais ficaram no vermelho ou tiveram queda dos números, segundo levantamento da consultoria Economática. A lista, a seguir, mostra como cada uma das empresas se saiu no período. A Cyrela foi a construtora com o maior lucro, R$ 179,1 milhões no 3º tri, enquanto que a Brookfield ficou em último lugar, com um prejuízo mais de 7 vezes maior no período.
  • 2. Cyrela

    2 /22(Divulgação)

  • Veja também

    Lucro até setembro de 2014:R$ 179,1 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 174,6 milhões
    Variação:2,57%
  • 3. MRV

    3 /22(Germano Lüders/EXAME.com)

  • Lucro até setembro de 2014:R$ 135,1 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 130,8 milhões
    Variação:3,28%
  • 4. Eztec

    4 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 124,8 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 139,4 milhões
    Variação:-10,47%
  • 5. Even

    5 /22(Divulgação/Facebook)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 82,4 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 67,4 milhões
    Variação:22,25%
  • 6. Direcional

    6 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 52,2 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 62,1 milhões
    Variação:-15,94%
  • 7. Helbor

    7 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 52,1 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 76,4 milhões
    Variação:-31,80%
  • 8. Tecnisa

    8 /22(Divulgação/EXAME.com)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 31,8 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 62,2 milhões
    Variação:-48,87%
  • 9. Rodobens

    9 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 19,3 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 16,6 milhões
    Variação:16,26%
  • 10. Lix da Cunha

    10 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 18,5 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 1,9 milhão
    Variação:873,60%
  • 11. JHSF

    11 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 14,2 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 7,5 milhões
    Variação:89,33%
  • 12. Trisul

    12 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 52,1 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 76,4 milhões
    Variação:-31,80%
  • 13. Lindenberg

    13 /22(Divulgação)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 3,3 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 5,3 milhões
    Variação:-37,73%
  • 14. Azevedo

    14 /22(Stock.Xchange)

    Lucro até setembro de 2014:R$ 1,8 milhão
    Lucro até setembro de 2013:R$ 1,3 milhão
    Variação:38,46%
  • 15. CR2

    15 /22(Divulgação)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 3,2 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 14 mil
    Variação:na
  • 16. Gafisa

    16 /22(ALEXANDRE BATTIBUGLI / EXAME)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 9,9 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 15,7 milhões
    Variação:na
  • 17. Viver

    17 /22(Reprodução da web)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 28,6 milhões
    Prejuízo até setembro de 2013:R$ 72,8 milhões
    Variação:60,71%
  • 18. João Fortes

    18 /22(Reprodução da web)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 73,8 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 16,2 milhões
    Variação:na
  • 19. PDG

    19 /22(Jonne Roriz/EXAME)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 174,6 milhões
    Prejuízo até setembro de 2013:R$ 111,3 milhões
    Variação:56,87%
  • 20. Rossi Residencial

    20 /22(Divulgação)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 265,1 milhões
    Lucro até setembro de 2013:R$ 2,1 milhões
    Variação:na
  • 21. Brookfield

    21 /22(Germano Lüders/EXAME.com)

    Prejuízo até setembro de 2014:R$ 447,9 milhões
    Prejuízo até setembro de 2013:R$ 53,1 milhões
    Variação:743,50%
  • 22. Agora, confira os 25 maiores prejuízos do 3º tri

    22 /22(Bloomberg)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasConstrutorasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

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