Exame Logo

Krugman: Real valorizado não é necessariamente ruim

Prêmio Nobel de Economia diz, em São Paulo, que o capital internacional vem para o Brasil porque o País parece ser um bom lugar para investir

Krugman ressaltou que o atual problema dos países ricos é a falta de demanda (.)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2010 às 10h06.

São Paulo - O economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia em 2008, disse nesta quinta-feira (16), em São Paulo, que a valorização do real frente ao dólar não é necessariamente uma notícia ruim. "Por um lado atrapalha as exportações das indústrias, mas, por outro, significa mais capital para investir."

Krugman, que participa do IBM FORUM 2010, na capital paulista, apresentou um gráfico que mostra a enorme diferença de comportamento entre o real e o iuane, a moeda chinesa. Ele destacou que o governo chinês intervém e isso está gerando fortes reclamações do mundo inteiro. "O real está valorizado porque o Brasil parece ser um bom lugar para os investidores", insinuando que o câmbio é o preço do sucesso brasileiro na crise.

Veja também

O economista disse que as taxas de juros devem continuar baixas nos países desenvolvidos, o que levará a uma migração de capital para os emergentes. Krugman arrancou risos da plateia quando disse não entender por que a Rússia faz parte dos Brics (Brasil, Rússia, China e Índia), afirmando que os russos estão num patamar muito abaixo dos demais.

Krugman, que é professor da Universidade de Princeton (EUA) e colunista do jornal The New YorK Times, disse que a solução para a crise mundial não será via exportação. "Precisaríamos de outro planeta para vender os produtos", disse, ressaltando que o problema atual nos países ricos é a falta de demanda.

Em sua palestra, comparou a crise atual com a grande depressão dos anos 30 por meio de um gráfico que mostrava que o primeiro ano (2008) foi tão ruim quanto o daquela época. "Desta vez, nós evitamos uma catástrofe, mas não significa que tudo está bem nem que tudo não possa ficar pior."

Krugman disse ainda que, pela primeira vez na vida dele, uma crise é pior nos Estados Unidos do que na América Latina.  O grande risco para os países ricos, segundo ele, é entrar num processo de deflação como o vivido pelo Japão há muitos anos. Ele defende novos incentivos fiscais dos governos, principalmente dos Estados Unidos, como forma de estimular a demanda.

O Prêmio Nobel de Economia afirmou que crises financeiras como a atual são de longa duração e projetou que o desemprego na Europa e nos Estados Unidos ficará perto dos 10% até 2012. "Não há recessão técnica, mas a recuperação econômica atual não é suficiente para reduzir o desemprego."

Krugman disse que vai demorar até a formação de outra bolha imobiliária na Europa e nos Estados Unidos, pois "as pessoas levarão um longo tempo até acreditarem novamente que esse é um bom investimento".

Leia mais: Brasil controlou os demônios econômicos, diz Krugman

Siga as notícias do site EXAME sobre Economia no Twitter

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCâmbioChinaCrises em empresasEconomistasPaul KrugmanPersonalidadesReal

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame