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Jurista contrário à reforma do Código Penal será ouvido

Entre as propostas de mudança mais polêmicas no Código de 1940 estão as novas hipóteses de aborto legal, além da legalização de drogas para uso pessoal


	Pedro Taques, senador: segundo Taques, a expectativa é que, até o fim deste ano, o Senado consiga votar a proposta de reforma do Código Penal.
 (Agência Brasil)

Pedro Taques, senador: segundo Taques, a expectativa é que, até o fim deste ano, o Senado consiga votar a proposta de reforma do Código Penal. (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Brasília – Um dos maiores críticos da atual proposta de reforma do Código Penal, o jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior vai ser ouvido na próxima quinta-feira (28) pela comissão especial que analisa o projeto no Senado. No ano passado, uma comissão de juristas elaborou um anteprojeto que originou o Projeto de Lei (PLS) 236/2012 que tramita na Casa.

Reale, que é professor titular de direito penal da Universidade de São Paulo (USP), deve debater as mudanças propostas com o próprio relator-geral da comissão de juristas que elaborou o texto, o procurador da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves. Em novembro, a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a tramitação da proposta foi interrompida para que o debate pudesse ser aprofundado.

A audiência será a primeira de uma série que será realizada pela comissão até julho. “Vai ser um semestre de muito trabalho. Vamos fazer audiências públicas também nos estados, para que a sociedade brasileira tenha condições de externar suas posições”, disse o presidente da comissão, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

No cronograma divulgado nesta quinta-feira (21), outros nomes conhecidos, como o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, o médico Drauzio Varella e o secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, também serão ouvidos pelos senadores.

Além de política de drogas e política pacificadora, entre outros assuntos, na lista de temas do projeto de Código Penal que serão debatidos também estão sistema penitenciário e penas alternativas, crimes contra a dignidade sexual e contra o patrimônio, entre outros.


Entre as propostas de mudança mais polêmicas no Código de 1940 estão as novas hipóteses de aborto legal - atualmente permitido em caso de risco de vida para a gestante ou quando a gravidez decorre de estupro ou se o bebê for anencéfalo - além da legalização de drogas para uso pessoal, tipificação do crime de terrorismo, ortotanásia e prostituição.

“É difícil você pacificar críticas em uma democracia. Veja a questão da droga, a questão do aborto, da eutanásia, são questões que envolvem posições filosóficas, posições cientificas, religiosas. Nós temos que ouvir os cidadãos, ouvir os vários centros e as várias posições. Em uma democracia, a minoria tem que ser ouvida, tem que ser respeitada”, ressaltou o relator da proposta, senador Pedro Taques (PDT-MT).

Ainda segundo Taques, a expectativa é que, até o fim deste ano, o Senado consiga votar a proposta de reforma do Código Penal e encaminhar para a Câmara dos Deputados.

Embora, na discussão do Código Penal, não seja possível alteração da maioridade penal em 18 anos, já definida pela Constituição Federal, o presidente da comissão defendeu também que o assunto entre nas discussões para orientar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade para 16 anos.

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