Brasil

Julgamento do mensalão é "bala de prata", diz Thomaz Bastos

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que falou de improviso durante quase toda apresentação no início da tarde, fez a defesa de José Roberto Salgado


	Thomaz Bastos: o advogado apresentou uma questão de ordem no primeiro dia do julgamento pedindo que o processo fosse desmembrado
 (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Thomaz Bastos: o advogado apresentou uma questão de ordem no primeiro dia do julgamento pedindo que o processo fosse desmembrado (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2012 às 18h49.

Brasília - O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos chamou nesta quarta-feira o suposto esquema que é julgado em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) de "marca de fantasia mensalão" e disse que os ministros têm em seu poder "uma bala de prata", que com um único ato podem condenar réus tão diversos.

Bastos, que falou de improviso durante quase toda apresentação no início da tarde, fez a defesa de José Roberto Salgado, ex-dirigente do Banco Rural, instituição financeira chamada na acusação do Ministério Público Federal de terceiro núcleo da suposta organização e "parceiro inseparável nas empreitadas criminosas".

Ele explicou mais tarde que usou o termo "bala de prata" para dizer que com apenas uma bala os ministros poderiam atingir réus com acusações distintas e desconexas.

O advogado apresentou uma questão de ordem no primeiro dia do julgamento pedindo que o processo fosse desmembrado, para que os réus sem foro privilegiado fossem julgados pela Justiça comum -apenas três deputados federais, dos 38 réus, têm direito a serem julgados no STF. Teve seu pedido rejeitado.


Nesta quarta, voltou a tocar no tema. Afirmou acreditar que os ministros do Supremo irão "julgar com duplo cuidado, até porque não temos o duplo grau de jurisdição". Isto porque ao defender o desmembramento, alegou que os 35 réus sem foro privilegiado tinham direito a recorrerem a outras instâncias.

"A dificuldade deste processo é essa confederação de condutas, muitas coisas ligadas umas às outras, de forma que fica impossível que se faça uma caminhada para frente, uma caminhada racional e lógica." Ao defender Salgado, ex-vice-presidente do banco, Bastos desqualificou a testemunha de acusação Carlos Godinho, a quem chamou de "falsário", uma "testemunha suplente, ressentida", alguém demitido pelo banco que "contou uma porção de histórias".

Ele afirmou que os contratos de empréstimos foram tomados antes de Salgado assumir o cargo.

"(Salgado) Não podia participar deles, a não ser que se abolisse a noção de tempo", disse.

Ao finalizar, reconheceu que as sustentações dos advogados de defesa poderão juntas construir a inocência dos réus.

"Com certeza vamos ter condições de mostrar um mosaico de persuasão da inocência desses acusados", disse.

Além da defesa de José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, que também faziam parte da diretoria do Banco Rural quando o suposto mensalão veio à tona em 2005, tiveram suas defesas apresentadas no STF.

Também ocorrem nesta quarta a fala dos advogados de defesa do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e Luiz Gushiken, ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As apresentações da defesa dos réus seguem até o dia 15, quando deverá ser iniciado o voto dos 11 ministros do STF.

Não há previsão para o término do julgamento, já que os ministros poderão levar quantas sessões precisarem para a leitura dos votos, mas há expectativa de que o processo seja acelerado para permitir o voto do ministro Cesar Peluzo, que se aposenta no início de setembro ao completar 70 anos.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesMensalãoPolítica no BrasilSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022