Juiz do DF suspende decreto que aumentou imposto de combustíveis
Governo previa arrecadar 10,4 bilhões de reais em 2017 com o aumento do PIS/COFINS. Juiz alega que alta de imposto não pode ferir Constituição
Talita Abrantes
Publicado em 25 de julho de 2017 às 12h44.
Última atualização em 25 de julho de 2017 às 23h06.
São Paulo – O juiz substituto Renato Borelli, da 20ª Vara Federal do Distrito Federal, suspendeu nesta terça-feira (25) o aumento dos impostos sobre combustíveis, anunciado na semana passada pelo governo federal. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o governo recorrerá da decisão.
O governo previa arrecadar 10,4 bilhões de reais em 2017 com o aumento do PIS/COFINS. Para o juiz, a alta dos impostos dos combustíveis não pode ferir a Constituição. "Não pode o Governo Federal, portanto, sob a justificativa da arrecadação, violar a Constituição Federal, isto é, violar os princípios constitucionais, que são os instrumentos dos Direitos Humanos", afirma.
O magistrado alega que o decreto, editado em 20 de julho, é ilegal já que não houve respeito do prazo de 90 dias entre a publicação da norma e sua entrada em vigor.
"Tal princípio exige, evidentemente, que a lei que cria ou majora um tributo só venha a incidir sobre fatos ocorridos noventa dias subsequentes ao de sua entrada em vigor. Visa evitar surpresas para o contribuinte, com a instituição ou a majoração de tributos", escreve o magistrado.
Além disso, segundo ele, a elevação dos tributos deveria ter sido feita por meio de lei e não por decreto.
Com o anúncio do governo, na semana passada, a alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrou, passando de R$ 0,3816 por litro para R$ 0,7925 por litro. A alíquota subiu de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 para o diesel nas refinarias. Para o produtor do etanol, passou de R$ 0,12 para R$ 0,1309 por litro. Para o distribuidor, a alíquota, atualmente zerada, subiu para R$ 0,1964.
A previsão dos economistas é de que a alta no preço dos combustíveis adicione algo entre 0,50 e 0,60 ponto percentual à inflação de 2017. Na última sexta-feira, o litro da gasolina já batia chegava a 4,39 reais em São Paulo.
O que acontece agora?
A liminar foi encaminhada à Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na decisão, o juiz pede o "imediato retorno dos preços dos combustíveis praticados antes da edição da norma".
Veja a decisão na íntegra:
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*Atualizado para corrigir a previsão de arrecadação do governo com o aumento dos impostos. O correto é 10,4 bilhões de reais e não 10,4 milhões de reais, como a matéria afirmava anteriormente.