Brasil

Jornalista é ameaçado por matéria sobre corrupção policial

Policiais teriam planejado o assassinato de Mauri Konig, do jornal Gazeta do Povo, na residência do repórter


	Policial: reportagem de Konig denunciava uso por parte de policiais de veículos oficiais para  visitas a bordeis e praias
 (Getty Images)

Policial: reportagem de Konig denunciava uso por parte de policiais de veículos oficiais para  visitas a bordeis e praias (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2012 às 17h34.

Um jornalista brasileiro que ganhou o prêmio de liberdade de imprensa internacional do Comitê de Proteção aos Jornalistas recebeu ameaças de morte após publicar uma investigação sobre uma possível corrupção policial.

Ligações anônimas para o jornal Gazeta do Povo e para a estação de televisão local RPC TV disseram que policiais estavam planejando matar o repórter Mauri Konig em sua casa, em Curitiba, segundo Leonir Batisti, coordenador no Paraná do Gaeco, braço do Ministério Público que investiga crimes envolvendo a polícia. Os oficiais estão investigando as supostas ameaças, disse Batisti em entrevista por telefone ontem.

Em maio, Konig e outros jornalistas do veículo começaram a publicar uma série de matérias e fotografias que mostravam diversos policiais usando seus veículos oficiais supostamente para propósitos pessoais, incluindo visitas a bordéis e praias. A Gazeta do Povo publicou uma matéria ontem dizendo que estes mesmos policiais estão sendo promovidos, em uma suposta violação do estatuto policial.

“As autoridades brasileiras devem responder de forma contundente”, disse Carlos Lauria, coordenador do programa para as Américas do Comitê de Proteção aos Jornalistas, em entrevista por telefone. “Os assuntos das reportagens de Mauri são de grande interesse público. Esta não é a primeira ameaça de morte que ele recebeu”.

Konig teve que se esconder nesta semana, após receber as ameaças, disse o CPJ em comunicado.


Promoção policial

O suposto uso de veículos policiais para fins pessoais está sendo investigado e nenhum policial foi promovido, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná.

Quatro jornalistas foram assassinados por causa de seu trabalho no País neste ano, o maior número em mais de uma década, de acordo com o CPJ, que tem sede em Nova York. O número coloca o Brasil em quarto lugar na lista dos países mais perigosos para jornalistas, atrás da Síria, Somália e Paquistão.

Dois terços dos 24 repórteres assassinados no Brasil desde 1992 cobriam corrupção, segundo o CPJ. O Brasil está no 69º lugar na lista de Transparência Internacional dos países mais corruptos.

A impunidade é um dos maiores obstáculos para a liberdade de imprensa no Brasil, à medida que aumentam as reportagens sobre corrupção, crime organizado e direitos humanos, disse Konig em texto publicado no website do CPJ ontem.

“Os jornalistas são assassinados em represália por esse tipo de reportagem”, disse Konig. “Os profissionais de mídia que estão mais expostos são os que falam sobre questões policiais ou ligadas a autoridades locais. Os jornalistas que trabalham em cidades menores, especialmente nas áreas de fronteira, são mais vulneráveis.”


A reportagem anterior de Konig ajudou a denunciar uma rede de tráfico sexual no Brasil, de acordo com a indicação ao prêmio de liberdade de imprensa. Em 2000, ele foi espancado com correntes e deixado à beira da morte perto da fronteira com o Paraguai por causa de reportagens sobre sequestro de crianças, segundo a indicação.

No mês passado, o jornalista Eduardo Carvalho foi assassinado na frente de sua casa na capital do Mato Grosso do Sul, segundo o site de notícias G1. Carvalho tinha um website que reportava a corrupção local, segundo o CPJ.

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