Jornalista diz que índio de verdade "tem que morrer de malária"
A apresentadora criticou o acesso dos indígenas à medicina e à tecnologia, defendendo que deveria haver um "controle populacional natural"
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 13h18.
Última atualização em 12 de janeiro de 2017 às 13h18.
São Paulo - Durante o programa "Sucesso do Campo" do último domingo, 8, exibido na Rede Goiás, afiliada da Record no Estado, a jornalista Fabélia Oliveira fez comentários atacando os índios ao falar sobre o samba-enredo da escola carioca Imperatriz Leopoldinense.
O samba é intitulado "Xingu, O Clamor que Vem da Floresta" e critica o agronegócio e a usina de Belo Monte. Ela chegou a dizer que os compositores desse samba "mancharam a sua história", e afirmou: "Que conhecimento o tradicional malandro carioca tem para falar do homem do campo, para falar do índio, da floresta, para dizer que está certo ou errado e para dizer que alguém pede socorro. Eles falam que a floresta está pedindo socorro, mas não abrem mão da tecnologia do dia a dia, eles não abrem mão do veículo que eles andam", disse.
"Ah, mas o Xingu está pedindo socorro, por quê? Alguém foi lá? Alguma coisa contra os índios? Não. Eles (índios) querem preservar a cultura e estão corretos, sou a favor dessa preservação se for o índio original, agora a deixar a mata preservada para comer comida de geladeira não é cultura indígena, não", continuou Fabélia.
"A minha opinião pode chocar muitos brasileiros. Eu sinto muito. Se ele quer preservar a cultura ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É a natureza. Se quer lá, ele vai comer, ele vai tratar da medicina do pajé, do cacique, que eles tinham antigamente, aí justifica".
A jornalista não parou por aí. A apresentadora criticou a perda da cultura indígena e afirmou que os agricultores é que são heróis: "Já passei em aldeias indígenas que tivemos que pagar o maior pedágio, que era cinco vezes superior ao tradicional e com estradas horríveis, e estava lá o índio de óculos de sol, aparelho nos dentes, antena parabólica e caminhonete. Isso não é heroísmo, heroísmo é o produtor que trabalha sol a sol dia a dia".
A Rede Goiás não se pronunciou sobre o caso pois o programa é terceirizado e "as opiniões são de responsabilidade dos idealizadores".