Maria Julia Coutinho, jornalista da Rede Globo (Facebook/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2015 às 20h07.
São Paulo - Quando falamos sobre redes sociais, é impossível não pensar em como elas mudaram significativamente a relação do público com a informação.
Com a possibilidade de interagir com a notícia, compartilhando opiniões de forma imediata através de comentários, por exemplo, o leitor deixar de ser apenas um consumidor para se tornar parte ativa na comunicação social.
Essa interação é importante para democratizar a mídia, sem dúvidas, mas o que podemos perceber nos últimos tempos é que discursos de ódio têm se proliferado na internet.
Sempre que algum tema "polêmico" entra em pauta, não é difícil se deparar com comentários carregados de preconceito.
Essa semana, tivemos mais um episódio que mostrou como esses discursos são cada vez mais comuns.
Na última quinta-feira (2), a página do Jornal Nacional, da Rede Globo, publicou um post no Facebook com uma imagem da jornalista Maria Júlia Coutinho, falando sobre a previsão do tempo.
Durante esta madrugada, a publicação foi alvo de diversos comentários racistas direcionados à profissional.
Veja:
Tempo fica firme em grande parte da região central do Brasil nesta sexta: http://glo.bo/1LH2god
Posted by Jornal Nacional on Quinta, 2 de julho de 2015
Não é a primeira vez que a jornalista é vítima de manifestações racistas na internet. Desde que assumiu a função no noticário "global", comentários preconceituosos surgem sempre que alguma notícia sobre a moça é veiculada.
É importante ressaltar que declarações deste tipo, além de configurarem crimes de injúria racial, também são delitos informáticos, estabelecidos pela lei de crimes de internet em vigor há mais de dois anos no país.
Maria Júlia é a primeira mulher negra a apresentar a previsão do tempo no telejornal.
A própria existência de comentários de cunho racista e discursos de ódio nas redes sociais pode ser um fator que diz muito sobre o motivo da diferença em quantidade de pessoas brancas e negras ainda ser tão gritante.
Em plena era do compartilhar e do opinar, ainda presenciamos posicionamentos violentos como este, que mostram que ter acesso à informação não significa utilizá-la com bom senso e respeito.