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Ex-governador de SP, João Doria anuncia desfiliação do PSDB

"Encerro essa etapa de cabeça erguida", disse o empresário em anúncio feito via Twitter nesta quarta-feira, 19

Joao Doria: ex-governador de São Paulo anuncia desfiliação do PSDB (Governo de SP/Divulgação)

Joao Doria: ex-governador de São Paulo anuncia desfiliação do PSDB (Governo de SP/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2022 às 09h39.

Última atualização em 19 de outubro de 2022 às 11h18.

O ex-governador de São Paulo João Doria anunciou nesta quarta-feira, 19, a desfiliação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) após 22 anos.

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O anúncio foi feito pelo Twitter do empresário. "Inspirado na social democracia e em nomes como Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, cumpri minha missão política partidária pautado na excelência da gestão pública e em uma sociedade mais justa e menos desigual", escreveu.

"Encerro essa etapa de cabeça erguida. Orgulhoso pela contribuição que pude dar a São Paulo e ao Brasil, graças à generosidade e à confiança de todos aqueles que optaram pelo meu nome em três prévias e duas eleições."

Por que João Dória deixou o governo de SP?

No fim de maio, Doria desistiu de concorrer à Presidência da República. Mesmo tendo vencido as prévias do partido, realizadas no fim do ano passado, a manutenção de sua candidatura ficou insustentável quando MDB, PSDB e Cidadania indicaram que a senadora Simone Tebet (MDB) seria a cabeça de chapa dos três partidos na disputa ao Palácio do Planalto, representando a terceira via. 

Com o movimento, o ex-governador de São Paulo ficou ainda mais isolado dentro do seu partido, que tinha resistência ao seu nome. Doria ameaçou recorrer à Justiça para que as tumultuadas prévias do PSDB fossem respeitadas.

Aliados do ex-governador chegaram a dizer que não aceitariam a indicação de Tebet, mas a senadora acabou concorrendo e recebeu 4,16% dos votos válidos no primeiro turno das eleições. Foi a primeira vez que o PSDB não teve um candidato cabeça de chapa desde a redemocratização do país.

Em junho, Doria anunciou que voltaria ao setor privado, mas que permaneceria no PSDB. Ele é conselheiro do Lide, grupo de líderes empresariais do qual é um dos fundadores, desde julho.

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Quem é João Doria?

João Doria é jornalista, empresário, e político brasileiro. Entrou para o PSDB em 2001, mas sua relação com o partido vem de muito antes. Ingressou na vida pública como secretário de Turismo do governo de São Paulo, na gestão do ex-governador Mário Covas, na década de 1980. Também já foi presidente da Embratur, durante o mandato do ex-presidente José Sarney.

Esse sentimento de dever público foi criado ainda na infância, quando seu pai, que era deputado federal pela Bahia, foi cassado pelo Golpe Militar de 1964. A família precisou viver exilada na França, retornando ao Brasil anos mais tarde. Seu primeiro emprego foi como office-boy em uma agência de publicidade. Dali surgiu o gosto pela comunicação. Antes de ser apresentador do programa O Aprendiz, foi executivo na área. Atualmente, tem um grupo de empresas de comunicação e marketing.

Sempre dizendo ser “filho das prévias”, disputou a preferência do PSDB, em março de 2016, quando se lançou como pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Feito eleito no primeiro turno, algo inédito no período democrático brasileiro. Assumiu o comando da maior cidade do país em janeiro de 2019, e deixou o cargo com três anos e três meses de mandato, para se candidatar ao governo do estado.

Para ser o escolhido do partido, precisou romper com Geraldo Alckmin, até então seu padrinho político. O ex-governador tinha escolhido seu vice, Marcio França (PSB), como candidato à reeleição. Doria venceu a disputa no segundo turno, em 2018, em uma das votações mais apertadas, com uma diferença de pouco mais de 740 mil votos. A virada veio muito em função do alinhamento dele com o então postulante ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (atualmente no PL).

A aliança, chamada de Bolsodoria, durou pouco. Com a pandemia de covid-19, no começo de 2020, os dois adotaram linhas de conduta completamente diferentes. Um dos pontos mais tensos dessa disputa ocorreu durante a compra de vacinas contra o coronavírus. O então governador de São Paulo colocou dinheiro do estado na aquisição de um imunizante. Bolsonaro chegou a dizer que não compraria a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan (paulista) com uma farmacêutica chinesa, mas voltou atrás. A primeira pessoa imunizada contra a covid-19 no país recebeu a dose ao lado do governador, um trunfo para Doria.

O paulista decidiu disputar as prévias do PSDB para se candidatar à Presidência, mas encontrou uma legenda muito dividida. Seu principal oponente foi o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que tinha o apoio de outros caciques tucanos, como Tasso Jereissati e Aécio Neves. Após problemas no pleito, venceu a disputa, com 53% dos votos, contra 44% do gaúcho.

Mesmo com o resultado, enfrentou resistências do PSDB e ameaçou desistir de concorrer e sair da vida pública. O xeque-mate que Doria deu no PSDB veio muito do descontentamento com o partido porque muitos líderes questionam a escolha dele nas prévias. Com a cartada, recebeu o que queria: o apoio do partido e o recuo, mais tarde, de Eduardo Leite.

No dia 23 de maio, o ex-governador de São Paulo desistiu de concorrer à Presidência da República. O anúncio contou com a presença do presidente do PSDB, Bruno Araújo. Alguns meses depois, ele anunciou que voltaria ao setor privado.

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