Reprodução de conversa entre Moro e a deputada Carla Zambelli (Tv Globo/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2020 às 21h22.
Última atualização em 24 de abril de 2020 às 22h03.
Depois de 512 dias à frente do ministério da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou sua demissão do cargo nesta sexta-feira, 24. Em pronunciamento de cerca de 40 minutos, ele fez um balanço de seu trabalho à frente da pasta e relembrou que, quando aceitou assumir o ministério, o presidente garantiu que ele teria carta-branca. O estopim para a decisão de sua saída foi a confirmação da demissão do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. “Avisei que seria uma interferência política e Bolsonaro disse que era mesmo”. Em sua fala, Moro revelou que diversas vezes Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.
Depois, também em pronunciamento, Bolsonaro afirmou que as declarações de Moro eram infundadas e que ele não havia tentado interferir na Polícia Federal.
Após o pronunciamento de Bolsonaro, a TV Globo cobrou de Moro provas de que as declarações tinham fundamento. O ex-ministro mostrou, então, a imagem de uma troca de mensagens entre ele e o presidente, ocorrida ontem, 24.
O presidente Jair Bolsonaro citou uma investigação contra deputados aliados ao pedir a troca do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, em mensagem, por WhatsApp, ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. As imagens do diálogo foram exibidas em reportagem do Jornal Nacional, nesta sexta-feira, 24.
Na imagem do diálogo, Bolsonaro envia a Moro o link de uma notícia do portal O Antagonista. “Mais um motivo para a troca”. Em seguida, Moro explica ao presidente que as diligências foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Moro também exibiu uma conversa com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), em que ela pede para que o ministro aceite uma vaga no STF em setembro, e também a troca na PF, pelo diretor da Abin. "Eu me comprometo a ajudar", acrescentou. "A fazer JB prometer", dizia Carla.
Moro respondeu: "prezada, não estrou à venda". O ex-juiz foi padrinho de casamento da deputada.