Janaína defende fim de sigilo de grampos do PCC que ameaçam Moro
A deputada estadual Janaína Paschoal comparou o grampo telefônico dos líderes do PCC com o vazamento dos diálogos atribuídos a Moro e ao Dallagnol
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de agosto de 2019 às 16h39.
Última atualização em 12 de agosto de 2019 às 17h13.
São Paulo — A deputada Janaína Paschoal (PSL), da Assembleia Legislativa de São Paulo, defendeu o fim do sigilo da investigação da Operação Cravada, da Polícia Federal, que, semana passada, prendeu a cúpula do PCC e sufocou o coração financeiro da facção após bloqueio de 400 contas bancárias por onde circulava dinheiro ilícito do tráfico.
Em sua conta no Twitter, Janaína fez menção a um grampo telefônico da PF que pegou líderes do PCC. Um deles ataca o ministro da Justiça Sergio Moro , que comanda a ofensiva sem precedentes contra a organização, e diz: "O PT tinha diálogo com nóis cabuloso".
Em seu tuíte, Janaína faz um paralelo com a divulgação da sequência de diálogos atribuídos a Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.
Eles tiveram seus celulares hackeados por Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", que confessou a invasão e o repasse ao site The Intercept Brasil do conteúdo do Telegram do ex-juiz federal e do procurador.
"Com meses de divulgação dos diálogos do Intercept, não encontramos nenhum crime", avalia Janaína. "Vamos ver a íntegra das interceptações referentes ao diálogo cabuloso. Quanto mais transparência melhor! Não é assim?"
Para Janaína, "lógico seria retirar o sigilo da investigação em que o diálogo foi interceptado".
"Pela gravidade da situação, o povo tem direito a saber o que tem lá. O PT deveria ser o primeiro a solicitar a retirada do sigilo."
A deputada estadual mais votada da história do País provocou. "Ué, o PT vai processar Deus e todo mundo, por divulgar e comentar o áudio do diálogo cabuloso com o crime? Ao mesmo tempo defende que o conteúdo das mensagens hackeadas seja de livre acesso? Qual a lógica disso?"
"Armação"
Procurado pela reportagem na semana passada, o PT afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, se tratar de "mais uma armação como tantas outras forjadas" contra o partido.
Segundo a legenda, o caso "vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas".
"Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sérgio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas", disse o partido em nota.
Para a sigla, "é Moro que deve se explicar à Justiça e ao País pelas graves acusações que pesam contra ele".