Jamais pensei em ser ministro para ter foro, diz Moreira Franco
O atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência foi alvo de críticas por ter sido nomeado por Temer, mesmo sendo investigado pela Lava Jato
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de maio de 2017 às 17h10.
Última atualização em 31 de maio de 2017 às 17h11.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco (PMDB), investigado na Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira, 31, que jamais pensou em ser ministro para ter foro privilegiado e que acha positivo o fim da prerrogativa "para todo mundo", defendendo aprovação da proposta que tramita no Senado.
Conforme publicou ontem o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governo desistiu de tentar aprovar a Medida Provisória 768, que vence no dia 2, e, para substituí-la, publicaria no Diário Oficial da União (DOU) uma nova MP que estrutura a administração do governo, incluindo a recriação da secretaria comandada por Moreira Franco, o que garantirá a continuidade de foro privilegiado ao ministro.
"O governo não tem nenhuma preocupação com relação a essa MP. Já foi apresentada uma nova MP reorganizando toda a administração pública. E, do ponto de vista pessoal, eu jamais pensei em ser ministro para ter foro privilegiado", disse a jornalistas após debate sobre infraestrutura no Fórum de Investimentos Brasil 2017, organizado pelo governo federal e pelo Banco Intercamericano de Desenvolvimento (BID) em São Paulo.
Lembrando que foi prefeito, governador e deputado federal, Moreira Franco declarou que tem uma história que permite a ele dizer que "esse problema do foro privilegiado não me atinge".
No Supremo Tribunal Federal (STF), Moreira Franco é um dos alvos de abertura de inquéritos determinada pelo ministro Edson Luiz Fachin, relator da Lava Jato na corte.
O ministro afirmou ainda que acredita na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com o foro privilegiado em tramitação no Senado Federal. Apesar de a proposta manter a prerrogativa para os presidentes da República, do Senado, da Câmara e do STF, o ministro se referiu ao texto como proposta "para todo mundo".
"Esse projeto, acho que ele tende a ser aprovado, e aí nós vamos ter o fim do foro para todo mundo, o que é positivo", disse.
Corrupção
O ministro afirmou ainda que as investigações contra corrupção estão sendo feitas no Brasil sem que as instituições sejam "arranhadas". Ele foi perguntado durante o debate se o Brasil tem construtoras com a governança correta em virtude dos crimes praticados pela Odebrecht. Nessa resposta, Moreira Franco disse que "o destino do homem não é para o mal feito, é para fazer coisas com correção".
Sem citar a Lava Jato, Moreira Franco afirmou que investigações estão sendo feitas envolvendo "partidos políticos importantes, políticos importantes, empresas de grande porte e empresários."
Ele afirmou que, por intermédio da Polícia Federal, do poder judiciário e do Ministério Público, "as investigações estão se fazendo sem que as instituições sejam arranhadas".
Moreira Franco declarou que a solidez das instituições mostra que a sociedade vem fazendo um esforço para que empresas, governos e políticos façam as coisas de maneira correta.
"A sociedade brasileira vem fazendo esforço para que possamos ter empresas capazes, governos que sejam eficazes, estrutura político-partidária que tenha o espírito público necessário para que nós possamos todos praticar as coisas de maneira correta e bem feitas", afirmou o ministro.