Jamais colocaria a minha biografia em risco, diz Temer em vídeo
Delator disse que Temer comandou, em 2010, quando candidato a vice-presidente, uma reunião na qual se acertou pagamento de propina de US$ 40 mi
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de abril de 2017 às 16h46.
Brasília -O presidente Michel Temer gravou um vídeo para voltar a se defender das acusações do ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria da Silva e disse que "jamais colocaria sua biografia em risco".
"Meus amigos, eu não tenho medo dos fatos. Nunca tive. O que me causa repulsa é a mentira", diz Temer em vídeo, colocado nas redes sociais do governo.
O presidente reconheceu, entretanto, que a vida pública tem momentos de "profundo desconforto".
Márcio Faria disse, em delação premiada, que Temer comandou, em 2010, quando candidato a vice-presidente da República, uma reunião na qual se acertou pagamento de propina de US$ 40 milhões ao PMDB.
Temer rechaçou a versão do ex-executivo. "É fato que participei de uma reunião, em 2010, com o representante de uma das maiores empresas do País", afirmou.
"A mentira é que nessa reunião eu teria ouvido referência a valores financeiros ou a negócios escusos da empresa com políticos", completou.
Segundo o presidente, essa conduta "jamais aconteceu".
"Nem nessa reunião, nem em outra reunião que eu tenha feito em minha vida publica com qualquer pessoa física ou jurídica. Jamais colocaria a minha biografia em risco", afirmou.
Temer, que já havia soltado nota ontem à noite para defender-se das acusações de Faria, disse ainda que o verdadeiro homem público "tem que estar a altura dos seus desafios, que envolvem bons momentos e momentos de profundo desconforto".
No vídeo, de duração de pouco mais de um minuto, Temer exalta o papel do poder Judiciário e se diz confiante.
"A minha maior aliada é a verdade, matéria-prima do poder judiciário, que revelará toda a verdade dos fatos", finaliza o presidente.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao analisar o caso não pediu a abertura de inquérito sobre Temer sob o argumento de que a Constituição diz que o presidente da República, no exercício de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos às suas funções.
Tem, portanto, uma imunidade temporária. Os demais envolvidos, no entanto, serão alvos de investigação.
Defesa
A nota emitida pelo Planalto ontem disse que Faria foi levado ao presidente pelo então deputado Eduardo Cunha. "A conversa, rápida e superficial, não versou sobre valores ou contratos na Petrobras. E isso já foi esclarecido anteriormente, quando da divulgação dessa suposta reunião", destacou a nota.
Temer contestou ainda de "forma categórica" qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos. "(o presidente) Nunca atuou em defesa de interesses particulares na Petrobras, nem defendeu pagamento de valores indevidos a terceiros", diz o texto.