O chanceler do presidente Lula viajou para os Estados Unidos para negociar pessoalmente um novo texto para ser apresentado pelo Brasil sobre o conflito (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 30 de outubro de 2023 às 06h51.
O ministro das Reações Exteriores, Mauro Vieira, embarcou na noite de domingo para Nova York onde terá uma nova leva de reuniões na ONU sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
O Brasil preside o Conselho de Segurança até a próxima terça-feira e tenta avançar nesse período em alguma medida que abrace, principalmente, o caráter humanitário da guerra. O chanceler do presidente Lula viajou para os Estados Unidos para negociar pessoalmente um novo texto para ser apresentado pelo Brasil sobre o conflito.
Embora, segundo o Itamaraty, ainda não haja um texto a ser apresentado e nem previsão de votação de uma resolução no próximo dia, o Brasil está com consultas em andamento para tentar avançar em algum consenso em torno de um novo texto.
A ideia é respaldar o texto e adotar pontos comuns, para evitar o veto de algum dos cinco membros permanentes do órgão, que são Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China e França.
Desde o ataque-surpresa do Hamas a Israel, no dia 7 de outubro, até agora, o Conselho de Segurança não se manifestou formalmente sobre o tema.
No último dia 18, o Conselho de Segurança rejeitou resolução apresentada pelo Brasil para encontrar uma saída diplomática para o conflito entre Israel e Hamas, iniciado no dia 7 de outubro. O texto, que entre outros pontos pedia a criação deum corredor humanitário, foi vetado pelos Estados Unidos.
A embaixadora americana, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que o país aposta na diplomacia, mas que os EUA estavam decepcionados porque a resolução não mencionava claramente o direito de Israel de se defender.
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A proposta do Brasil foi aprovada por 12 delegações entre os 15 países que compõem o órgão mais importante da ONU. Apenas os países com assentos permanentes podem rejeitar integralmente o documento votado — além dos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
A resolução apresentada pelo Brasil previa 11 pontos a serem atendidos pelos envolvidos no confronto. Além da pausa imediata no conflito para entrada de ajuda humanitária, o documento determinava a libertação imediata de todos os reféns, de cumprimento das atribuições em proteger os civis e funcionários da ONU e de outras organizações humanitárias, e de garantir aos civis na Faixa de Gaza acesso a gás, eletricidade e suprimentos médicos.
Dias depois, resoluções apresentadas pela Rússia e pelos Estados Unidos também foram vetadas pelo Conselho de Segurança.
O texto americano foi vetado pela China e pela Rússia, que criticaram a falta de um pedido por cessar-fogo no texto. Enquanto isso, a resolução russa não obteve o número mínimo de votos necessários para ser aprovada — 9 membros —, e foi rejeitada pelos EUA.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com famílias de desaparecidos e reféns do Hamas e citou a resolução apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança. O presidente afirmou que o texto continha referência expressa à necessidade de libertação imediata de todos os reféns pelo Hamas, mas acabou vetado