Polícia Militar de São Paulo: o delegado esteve reunido, na tarde de hoje (12), com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2012 às 19h23.
São Paulo – O delegado-geral de Polícia Civil do Estado de São Paulo, Marcos Carneiro de Lima, disse na tarde de hoje (12), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, que considera fundamental o isolamento dos presos para combater o crime organizado no estado.
“Tecnicamente, o ideal é que não tenha celular na cadeia. O grande problema de se fazer o combate ao crime organizado é isolar o preso. A Itália só avançou no combate às máfias quando endureceu as penas, estabeleceu prisão perpétua e isolou os presos. O isolamento é fundamental para se combater o crime organizado”, disse.
O delegado esteve reunido, na tarde de hoje (12), com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, discutindo uma série de ações para conter a onda de violência no estado. Na reunião foi assinado um termo de cooperação para formalizar seis ações com esse objetivo: a criação de uma agência de atuação integrada de inteligência para combater a criminalidade no estado; a fiscalização reforçada nos aeroportos, portos e rodovias; o enfrentamento e combate à venda e ao consumo de crack; ações penitenciárias, com possibilidade de transferência de presos responsáveis pelo assassinato de policiais e agentes penitenciários; a criação de um centro de controle de comando integrado e a criação e fortalecimento de um centro pericial, integrando polícias científicas.
Segundo Lima, apesar da onda de violência no estado, “está tudo sob controle”. “A preocupação é não criar um clima de pânico. É importante que a sociedade saiba que está tudo sob controle. Apesar do número de homicídios, o estado de São Paulo tem um numero muito mais baixo [de homicídios] do que o resto do Brasil”, disse ele.
Em entrevista a jornalistas na sede do governo paulista, o delegado-geral negou a notícia de que a Polícia Federal e o Ministério Público tenham alertado oficialmente o órgão de que líderes de facções criminosas, pegos em grampos telefônicos autorizados pela Justiça, estavam ordenando ataques contra policiais militares de dentro dos presídios - ataques que tiveram início a partir do mês de agosto.
“A Polícia Civil formalmente não recebeu nenhum documento a esse respeito. A preocupação da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios [e de Proteção à Pessoa] é chegar à autoria dos crimes contra policiais, para, chegando à autoria, chegar ao mandante”, disse o delegado-geral. “Se tivesse chegado oficialmente para a Polícia Civil, ela teria tomado as providências necessárias”.
Durante a coletiva, governador e ministro disseram que alguns detentos deverão ser transferidos para penitenciárias federais, mas os nomes e datas das transferências não serão revelados. “É óbvio que teremos transferências, mas não vamos antecipá-la. Nem nomeando e nem numericamente. É questão de segurança”, disse Alckmin.
Perguntado sobre o fato dos criminosos estarem comandando as ações de violência no estado de dentro dos presídios, o governador respondeu que é muito difícil bloquear as ligações de celulares nos presídios e penitenciárias e que esse tema foi, inclusive, discutido durante a reunião de hoje. “O que temos é uma dificuldade na questão de bloqueadores de celulares. Ainda não há tecnologia detalhada para bloquear apenas uma pequena área. Ou não se consegue bloquear ou se bloqueia uma área muito grande”, disse o governador. Segundo Alckmin, faz parte do trabalho de inteligência policial monitorar os celulares dos detentos, mas só mediante autorização judicial.
O governador também comentou que o governo paulista não vai admitir violência praticada por policiais tal como o caso que foi registrado por uma câmera e veiculado no Fantástico, da TV Globo, na noite de ontem (11), em que policiais militares foram flagrados ao matar uma pessoa. “A tolerância é zero. Crime é crime, seja fardado ou não. Os casos excepcionais [de violência policial] serão punidos exemplarmente”, disse Alckmin.