Investida contra ataques: um Bolsonaro mais emotivo
Na visão de analistas políticos, o presidenciável precisa maneirar o discurso para conquistar votos extras, sobretudo entre as mulheres
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2018 às 06h43.
Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 12h31.
A campanha de Jair Bolsonaro (PSL), líder nas intenções de voto para presidente, entra na reta final com mudanças importantes no radar. Segundo seus assessores, o candidato deve deixar o hospital Albert Einstein , onde está internado há 20 dias, ainda esta semana. Segundo boletim médico desta quarta-feira, Bolsonaro segue com boa evolução clínica. Ainda não está claro se ele retomará uma agenda mais intensa de compromissos, mas uma propaganda transmitida na TV pode indicar uma mudança de tom.
A peça mostra o capitão do exército chorando enquanto conta que desfez a vasectomia e “graças a Deus teve a Laura”. Com apenas oito segundos de tempo de televisão, o candidato não conseguiu ir muito além disso, mas vale lembrar que, caso chegue ao segundo turno como indicam as pesquisas, ele terá metade do tempo de TV. É tempo suficiente para intensificar uma campanha mais emocional.
Acusado por opositores (e em alguns casos pelo Ministério Público) de homofobia, racismo e misoginia, Bolsonaro precisa, na visão de analistas políticos, maneirar o discurso para conquistar votos extras, sobretudo entre as mulheres. As últimas pesquisas eleitorais mostraram aumento de rejeição com os crescentes ataques de opositores. Segundo o Ibope, sua rejeição entre as mulheres chega a 54%.
Durante o debate de ontem, embora tenha sido poupado pelos adversários em boa parte do tempo, Bolsonaro foi criticado por Guilherme Boulos (PSOL) por, segundo ele, ser contra a igualdade salarial entre homens e mulheres. Em outra frente, reportagens do jornal Folha de S. Paulo mostraram documentos do Itamaraty registrando uma ex-mulher de Bolsonaro relatando ameaça de morte.
Bolsonaro já havia chorado num vídeo publicado do hospital e em sua primeira entrevista, há dois dias, ao afirmar que Adélio Bispo de Oliveira, o agressor, não agiu sozinho, e que a eleição pode ter fraude. Da prisão de Campo Grande, Adélio concederá hoje entrevistas ao SBT e à revista VEJA, em novas oportunidades para Bolsonaro reforçar que é vítima de um complô contra sua eleição que envolve imprensa, opositores e muita fake news.
No sábado, manifestantes críticos a Bolsonaro devem se reunir em diversas cidades do país para criticar sobretudo suas declarações contra as mulheres, num evento que destaca uma hashtag que tem ganho força nas redes sociais, #elenão. A última semana do primeiro turno deve manter essa dinâmica: ataques reforçados ao líder da corrida presidencial, que se defenderá nas redes sociais e no limite do possível em oito segundos de televisão.