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Invasor seria parente de vítima de coronel, diz viúva

Afirmação reforçaria a hipótese de vingança contra o coronel Paulo Malhães, morto na semana passada

Enterro do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, no cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Enterro do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, no cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 09h57.

Rio - A Comissão da Verdade do Rio já sabe que um dos invasores do sítio do coronel da reserva do Exército Paulo Malhães, em Nova Iguaçu, onde o militar foi achado morto após assalto, disse ser parente de alguém que o oficial teria assassinado. A afirmação foi ouvida pela viúva do oficial, Cristina Batista Malhães. Ela reforçaria a hipótese de vingança - mas não inviabilizaria a possível ligação do crime com o passado do oficial na repressão militar da ditadura.

Cristina foi mantida presa pelos três invasores armados, ao lado de Malhães e do caseiro, identificado como Rogério. O mesmo homem que disse a frase ouvida pela viúva citou o município de Duque de Caxias.

A invasão aconteceu na última quinta-feira. Os criminosos chegaram a tentar enforcar Cristina para forçar o coronel a revelar onde guardava sua coleção de armas, suposto alvo dos ladrões. Depois que fugiram, constatou-se que o oficial, deixado de bruços com o rosto sobre um travesseiro, havia morrido. A guia de sepultamento apontou como causa complicações cardíacas. A Polícia investiga a possibilidade de asfixia. Somente um laudo definitivo do Instituto Médico-Legal determinará o que matou o militar.

Confissão

Um dos mais notórios torturadores do regime militar de 1964, Malhães prestou depoimentos às Comissões da Verdade do Rio e Nacional e deu entrevistas.

Confessou torturas, assassinatos e desaparecimentos de opositores da ditadura, divulgou detalhes sobre como os corpos eram mutilados para dificultar a identificação. Chegou a assumir que ajudara a dar sumiço aos restos mortais do ex-deputado Rubens Paiva. Depois recuou, afirmando não ter como saber de quem era o cadáver a que se referia.

No sábado, 26, a Polícia Civil fez uma perícia no sítio onde ocorreu o crime. O delegado William Pena Júnior, da Divisão de Homicídios/Baixada Fluminense, informou que a principal hipótese para o crime é latrocínio (roubo seguido de morte). Os criminosos levaram, além das armas, dois computadores, joias e dinheiro.

Inicialmente, a Polícia não descartava nenhuma explicação para o crime. O caso, porém, tem características que causam estranheza e mostram um planejamento incomum para ações do gênero. Os invasores ficaram no local das 13h às 22h, tempo demasiado para um roubo corriqueiro. Um deles estava mascarado e todos, segundo a Polícia, usavam luvas. Do lado de fora, teriam ficado mais duas pessoas, supostamente responsáveis pela fuga. O ganho material para tudo isso seria, em tese, modesto demais.

A Comissão da Verdade do Rio se reúne hoje para discutir a possibilidade de pedir para acompanhar diretamente as investigações. Os conselheiros, que não descartam a possibilidade de motivação política para o crime, vão discutir se enviam um ofício com o pedido ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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