Brasil

Apesar de vazamento confirmado pela PF, MEC não vai anular Enem

A punição se restringirá aos envolvidos nos casos de tentativa de fraude, de acordo com o órgão

Enem: "não há indicio de vazamento de gabarito oficial", disse Inep (Agência PT/Divulgação)

Enem: "não há indicio de vazamento de gabarito oficial", disse Inep (Agência PT/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 17h01.

Última atualização em 1 de dezembro de 2016 às 17h51.

Ainda que a Polícia Federal (PF) tenha concluído que as provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) vazaram para pelo menos dois candidatos antes do início da aplicação, o Ministério da Educação (MEC) informou que não vai anular o exame.

A pasta afirma, em nota, que os candidatos beneficiados pelo vazamento já foram desclassificados e alega que o inquérito policial "ainda está em curso e transcorre em caráter sigiloso".

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pela aplicação das provas, afirmou que "os casos de tentativa de fraude identificados estão sob investigação e delimitarão a responsabilidade dos envolvidos". Sustenta, ainda, que "não há indício de vazamento de gabarito oficial".

A conclusão da PF de que houve, no vazamento das provas, crime de estelionato qualificado consta em relatório enviado ao Ministério Público Federal (MPF).

A perícia da PF destaca que, após análise dos celulares apreendidos durante as operações nos dias do exame, verificou-se que os candidatos receberam fotografias das provas e tiveram acesso prévio aos gabaritos.

Os dois candidatos presos (em Minas Gerais e no Maranhão) receberam as mesmas fotografias, deixando claro, segundo a polícia, que a origem do vazamento é a mesma.

Também consta no relatório que os candidatos presos pesquisaram no Google sobre intolerância religiosa no Brasil, tema da Redação, às 9h38 - mais de duas horas antes do fechamento dos portões nos locais de prova.

Parte da nota divulgada pelo Inep é dedicada a criticar a conduta do procurador da República Oscar Costa Filho, do Ministério Público do Ceará, a quem acusam de usar de sua prerrogativa institucional para "vazar informações" antes da conclusão total do relatório pela PF. Ele é autor de ação que busca anular o Enem.

"Ao mesmo tempo, o Inep estranha o fato de que este procurador venha a público, mais uma vez, às vésperas da aplicação de provas do Enem, gerar fatos que provocam tumulto e insegurança para milhares de estudantes inscritos".

Costa Filho é autor de ação que pede a anulação da prova sob o argumento de que o vazamento "violou o tratamento isonômico que deve ser assegurado aos candidatos".

O Enem, aplicado em 5 e 6 de novembro, terá uma nova edição neste fim de semana, para 277 mil candidatos cujos locais de prova iniciais estavam ocupados pelos estudantes secundaristas ou tiveram problemas de infraestrutura.

A Advocacia-Geral da União (AGU), conforme apurou a reportagem, já está acionada pelo MEC, na expectativa de uma enxurrada de ações judiciais.

O Inep diz, na nota, que trabalhou em parceria com a PF para garantir "a segurança e a lisura do certame" e que está empenhada em "colaborar com a PF para apurar os fatos, garantindo que não haja prejuízo aos participantes do Enem 2016.

Em 2009, três dias antes da data do Enem, uma quebra de sigilo do exame levou o então ministro, Fernando Haddad, a cancelar a aplicação das provas.

O vazamento, à época revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, levou o então presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, a deixar o cargo.

Acompanhe tudo sobre:ChromecastEducaçãoEnem

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo