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Impeachment volta para a agenda parlamentar

Depois de romper oficialmente com governo no dia 17, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu tirar os pedidos da gaveta

Eduardo Cunha em sessão da Câmara dos Deputados: Cunha será poupado nas manifestações contra a corrupção marcadas para o dia 16 de agosto (Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados)
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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2015 às 08h14.

Brasília - Rejeitada em abril pelo presidente da Câmara , Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e depois abandonada pelo PSDB, a proposta de pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso deve voltar para agenda do Legislativo após o recesso.

Depois de romper oficialmente com o governo no dia 17, o peemedebista decidiu tirar os pedidos da gaveta e pediu que seus autores ajustassem os documentos dentro das exigências regimentais.

O procedimento é incomum. Quando as petições não se enquadram no formato, elas normalmente são remetidas direto ao arquivo.

A iniciativa foi a senha para que os grupos de oposição à presidente Dilma Rousseff selassem um pacto informal de não agressão com o presidente da Câmara.

Apesar de ter sido acusado por um dos delatores da Operação Lava Jato de ter recebido propina, Cunha será poupado nas manifestações contra a corrupção marcadas para o dia 16 de agosto.

Em contrapartida, os ativistas esperam que os pedidos de impeachment, agora devidamente formatados e encorpados, sejam acolhidos.

Se antes negava de forma veemente que não encamparia a tese, agora Cunha faz mistério sobre a possibilidade de usar o expediente como mais um elemento de pressão sobre o Planalto. Segundo um aliado, o presidente da Câmara sinalizou que pode acolher os pedidos depois do recesso e antes das manifestações. Procurado pela reportagem, Cunha preferiu não comentar.

Até agora, 12 documentos foram protocolados na Casa, mas os mais consistentes serão entregues até quinta feira.

"Tivemos na sexta-feira uma reunião com o (jurista) Ives Gandra e mudamos nossa argumentação. Acrescentamos pareceres dos juristas Adílson Abreu Dallari e Bernardo Cabral, além dos argumentos do TCU sobre as pedaladas (fiscais)", diz Carla Zambelli, líder do Nas Ruas e porta-voz da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, coalizão que reúne dezenas de grupos anti-Dilma que estão organizando as manifestações do dia 16.

"Não vamos para cima do Cunha no dia 16. Ele tem um papel importante. Nosso foco é o impeachment", completa.

O Movimento Brasil Livre (MBL), que se reuniu com Eduardo Cunha depois da marcha ocorrida em maio entre São Paulo e Brasília, também encorpou seu material. "Nos baseamos na tese das pedaladas fiscais. Apresentamos o parecer completo do jurista Adilson Dallari mostrando que a lei do impeachment é de 1950, portanto, anterior à reeleição", afirma Renan Santos, um dos líderes do MBL.

Desde a gestão do ex-presidente Fernando Collor, um presidente da Câmara não acolhe um pedido de impeachment. Se Cunha romper a "tradição", os requerimentos serão analisados por uma comissão composta por integrantes de todas os partidos com bancadas da Câmara.

Entusiasmo

O rompimento de Cunha com o governo e a manifestação do dia 16 reacendeu na bancada do PSDB o entusiasmo com a tese do impedimento. Os tucanos reconhecem que Dilma ainda tem força para vencer em plenário, mas avaliam que os pedidos já seriam mais um fator de desgaste.

"A crise se agravou e o evento do dia 16 tende a influenciar o que acontecerá no dia 17. Se os pedidos tramitarem, o PSDB da Câmara votará a favor", afirma o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da minoria. Os deputados tucanos retomaram a campanha pelo impedimento nas redes sociais.

"Amigos, no dia 16 de agosto vamos voltar às ruas não mais para protestar. Agora vamos pedir o impeachment de Dilma, responsável maior por um governo corrupto, mentiroso e incompetente", postou no Facebook o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder do PSDB na Câmara.

"Se ele (Cunha) quisesse arquivar, já teria arquivado. A briga será rua versus plenário", completa o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), único parlamentar que pediu formalmente o impedimento. (Colaborou Daniel Carvalho) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo – Mais más notícias para a presidente Dilma Rousseff . Segundo pesquisa CNT/MDA divulgada hoje, 71% dos brasileiros consideram a sua gestão como ruim ou péssima. Este é o pior nível histórico registrado pelo levantamento, que começou a ser feito em 1998. A presidente não teve uma boa avaliação nem mesmo entre eleitores clássicos do PT . Segundo a pesquisa de intenção de votos feita pelo Datafolha nas vésperas do segundo turno das eleições, 63% dos entrevistados que ganhavam até 2 salários mínimos afirmaram que iriam votar na candidata petista. Na pesquisa CNI/MDA, 68,2% das pessoas que têm esta faixa de renda avaliaram o governo Dilma como ruim ou péssimo.  Mais da metade dos entrevistados não acredita que o governo tenha condições de combater a corrupção ou resolver os problemas na economia. Para 61,7% deles, a crise deve durar por mais três anos.  Mas há quem acredite que o cenário seria outro se Aécio Neves (PSDB) tivesse sido eleito. Apenas 36,5%, a situação seria a mesma. Quase 70% dos entrevistados consideram Dilma a principal culpada pela corrupção na Petrobras - ela supera até mesmo o ex-presidente Lula, que é apontado por 65% como o responsável pelo escândalo.  A maior parte das pessoas entrevistadas também apoia a abertura de um processo de impeachment contra a presidente.
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