Rio de Janeiro: as Forças Armadas deixaram a Rocinha hoje (29) (Vladimir Platonow/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de setembro de 2017 às 16h49.
Rio - Horas depois de as Forças Armadas deixarem a Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 29, um homem foi preso por esfaquear um jovem na porta da casa dele.
O autor do crime, Fabrício Manhães, que é guardião de piscina e mora no morro, disse ter vingado o filho, adolescente que foi torturado nesta quinta-feira, 28, na favela e salvo da morte por homens da Marinha.
Segundo ele, o rapaz foi espancado, amarrado e quase queimado vivo porque estava com um boné que dizia "Jesus Cristo é o dono do lugar".
Este seria um lema do traficante Rogério Avelino, o Rogério 157, atual "dono" do morro.
O ataque ao adolescente teria sido feito por comparsas de Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que disputa o controle de venda de drogas na Rocinha com 157 e que invadiu a favela no dia 17.
Manhães negou que o filho tivesse qualquer envolvimento com o tráfico.
"Ele é trabalhador, não tinha vínculo com nada, com Nem, com Rogério. Fui atrás do meu prejuízo. Amarraram meu filho para matar, meu filho não é bandido. Derramaram o sangue da minha família. Pode ser até o papa, mas eu vou atrás", disse, enquanto era levado à delegacia da Rocinha. Ele foi autuado por tentativa de homicídio.
O jovem esfaqueado, Carlos Alexandre da Silva, de 19 anos, estava dormindo quando foi atacado. Ele está internado.
Manhães foi à casa deledizendo que tinha uma oferta de emprego. A mãe, Lucia da Costa, lhe disse que o filho estava dormindo. Silva foi então chamado, e Manhães o esfaqueou diversas vezes.
Depois, ele correu pela Via Ápia, uma das ruas mais movimentadas da Rocinha. Moradores tentaram linchá-lo, e a polícia o resguardou. A mãe de Silva ficou inconsolável.
"Esse desgraçado disse que queria ajudar meu filho. Ele vai pagar no inferno." Ela contou que o filho tem passagem pela polícia.