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Atirador mata sequestrador e reféns são liberados na Ponte Rio-Niterói

Segundo informações da PM do Rio, o sequestrador, identificado como Willian Augusto da Silva, de 20 anos, estava em um surto psicótico

Rio de Janeiro: homem foi morto por tiro de sniper (TV Globo/Reprodução)

Rio de Janeiro: homem foi morto por tiro de sniper (TV Globo/Reprodução)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 20 de agosto de 2019 às 07h27.

Última atualização em 20 de agosto de 2019 às 18h55.

São Paulo — Após quatro horas de sequestro, o homem que manteve 37 passageiros da linha 2520 (Jardim de Alcântara-Estácio) reféns na Ponte Rio-Niterói, nesta terça-feira (20), foi atingido por um franco-atirador (sniper) e morreu na cena do crime.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro confirmou a morte do sequestrador, identificado como Willian Augusto da Silva, de 20 anos, e informou que a arma usada por ele era um simulacro, ou seja, de brinquedo. Não se sabe, ainda, quais foram as motivações para o sequestro.

Segundo o comandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope), tenente-coronel Maurílio Nunes, que foi o responsável pela ação, as negociações por telefone não avançaram e a psicóloga presente no local identificou em William um perfil psicótico, o que, segundo ele, levou a polícia a iniciar a “negociação tática” que culminou nos disparos fatais.

“No contato, ele alegou que queria se matar, iria se atirar da ponte, estava difícil manter a negociação, ele saiu do ônibus e apontou a arma para uma vítima. Sempre tomamos por princípio que a arma era real. O ônibus estava engatilhado, com garrafas PET com gasolina penduradas e ele tinha um isqueiro, então a ameaça era real. A negociação passou para tática, comandada por mim."

Por motivo de sigilo no inquérito, Nunes não revelou quantos atiradores participaram da ação nem quantos disparos foram dados. “Foram disparados os tiros necessários para ele parar. Ele também tinha uma faca e uma arma de choque”, informou o tenente-coronel.

O sequestrador foi levado para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, mas não há informações se ele chegou com vida ou já morto à unidade de saúde. A Polícia Civil assumiu a ocorrência e a Delegacia de Homicídios da capital será a responsável por conduzir o inquérito, que está em sigilo.

Durante a manhã, a ponte ficou totalmente interditada, no sentido da cidade do Rio. Já no sentido Niterói, a ficou temporariamente bloqueada, para implantação de uma faixa reversível, de acordo com a concessionária Ecoponte.

Sequestro

Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Militar, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Corpo de Bombeiros cercaram o veículo na altura do Vão Central. Viaturas dos bombeiros chegaram ao local por volta das 7h10. 

Em entrevista ao Bom Dia Rio, a esposa de um dos reféns afirmou que o marido lhe avisou do sequestro. "Sempre roubam carteira e celular, mas esse tipo de coisa nunca aconteceu", destacou Eliziane Terra.

"Ele saiu para trabalhar 4h30. Quando foi por volta de 5h26 ele me mandou uma mensagem dizendo que o ônibus estava sendo sequestrado: 'Estamos indo para a ponte'. A princípio eu pensei que era um assalto. Eu levantei, acordei o meu filho e disse: 'Seu pai está sendo assaltado'", revelou.

A linha de ônibus 2520D da Viação Galo Branco saiu do Jardim Alcântara, em São Gonçalo, em direção a Estácio, na região central do Rio. Cerca de 150 mil veículos passam por dia pela Ponte Rio-Niterói. Nos horários de pico, são em torno de 8 mil carros por hora.

Ameaça

Fotos publicadas nas redes sociais durante o sequestro mostram garrafas cortadas ao meio e amarradas com linha no teto do veículo preenchidas de um líquido amarelo que parecia ser gasolina.

Sheila Sena, porta-voz da PRF, disse à Globo News que o homem estava ameaçando colocar fogo no ônibus.

Ao entrar no ônibus, afirmou a policial, o rapaz não fez nenhuma demanda específica para liberar os reféns e se identificou como policial militar. 

Reações

O governador do estado, Wilson Witzel (PSC), se pronunciou sobre a operação em seu perfil no Twitter. "A prioridade absoluta é a proteção dos reféns", escreveu ele.

O presidente Jair Bolsonaro, em coletiva de imprensa, defendeu o uso de atiradores de elite em casos como os de hoje: "não tem que ter pena. Tem que atirar", disse.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, de janeiro a junho deste ano aconteceram 8.761 assaltos a ônibus. A maioria dos crimes aconteceu na região metropolitana.

Sequestro do ônibus 174

Dezenove anos atrás, o caso do ônibus 174 chamou a atenção do país com um sequestro que durou mais de 5 horas. Na época, os passageiros do ônibus ficaram como reféns no bairro Jardim Botânico, na zona Sul da cidade.

O assaltante, Sandro Barbosa do Nascimento, era uma sobrevivente da chacina da Candelária, episódio em que moradores de rua foram mortos por policiais na década de 90, no Rio de Janeiro.

Uma das cenas que mais chamaram a atenção na época do sequestro do ônibus foi quando a refém Luciana Carvalho escreveu, com batom, um recado do criminoso na janela do veículo. A mensagem dizia: "ele vai matar geral às seis horas" e "ele tem pacto com o diabo".

O sequestro foi transmitido ao vivo pelos canais de TV. Sandro Barbosa do Nascimento foi morto pela PM enquanto era imobilizado no final do sequestro. O caso, e a história da infância de Barbosa, inspiraram o filme Ônibus 174, do diretor José Padilha.

Hoje, o caso da ponte Rio-Niterói relembra o que aconteceu em 2000.

(Com Estadão e Agência Brasil)

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