Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo: após uma caminhada que começou no Mercado Municipal da Lapa, petista foi acompanhado por militantes pelas ruas comerciais do bairro (Divulgação/Facebook)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 19h42.
São Paulo - O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, durante um minicomício na Lapa, zona oeste da cidade, que a política de privatização "corre na veia" de seu adversário do PSDB, José Serra. "O Serra tem a privatização na veia, a privatização corre na veia do Serra. Foi ele quem vendeu a Light, a Vale do Rio Doce foi ele quem vendeu", disse o petista, numa referência às privatizações realizadas quando Serra foi ministro no governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
Haddad usou o argumento da privatização quando questionava o decreto do governo do Estado de São Paulo, barrado na Justiça, que permite a destinação de até 25% dos leitos de hospitais públicos administrados por Organizações Sociais (OS) para o atendimento de pacientes de planos de saúde. "Ele (Serra) quer vender agora 25% dos leitos do SUS (Sistema Único de Saúde)", afirmou o candidato em discurso. Segundo o petista, a implementação dessa medida causaria um colapso na cidade, uma vez que os leitos disponíveis na rede são insuficientes para atender a demanda do sistema de saúde. "Vamos impedir o Serra de vender os leitos", completou.
Após uma caminhada que começou no Mercado Municipal da Lapa, Haddad foi acompanhado por militantes pelas ruas comerciais do bairro. Em cima de uma picape, prometeu acabar com a taxa de inspeção veicular e disse que Serra "ensaiou" adotar a mesma medida, mas o prefeito Gilberto Kassab (PSD) o teria impedido. "O Kassab não deixou acabar com a taxa. O Kassab tem compromisso com essa taxa, o porquê eu não sei", disse.
O petista também comentou a recusa do candidato tucano em assinar um novo documento em que se comprometeria a permanecer na Prefeitura por quatro anos, se eleito, a exemplo do que fez na campanha de 2004. Em entrevista nesta manhã na rádio CBN, Serra disse que foi feito "uma palhaçada" com o documento anterior. "Quem transformou um documento assinado em palhaçada?", alfinetou Haddad. "Nenhum documento que eu assinei na vida virou palhaçada porque eu costumo cumprir com a minha palavra", emendou.
Kit anti-homofobia
Aos jornalistas, Haddad disse que a desinformação em torno do kit anti-homofobia estimula indiretamente a intolerância e a violência. "Quando você desinforma, você cria uma nuvem de insegurança nas pessoas, que é própria de quem quer promover esse tipo de preconceito. Isso que é ruim", comentou. Para o petista - que revelou estar analisando o kit produzido pela Secretaria Estadual da Educação durante a gestão de Serra no governo estadual (2007-2010) -, ao trazer para o debate o conhecido "kit gay", seu adversário não colabora para elevar o nível do debate. "O que o Serra faz não se deve fazer na política: a partir da desinformação se produziu efeitos deletérios para a democracia", avaliou.
Sobre a vinculação de seu nome ao do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa no caso do mensalão, o candidato do PT disse que a estratégia de Serra de "atacá-lo" no lado pessoal "é a que restou a ele" para desviar a atenção do eleitorado. "É uma estratégia que interessa a ele e não a mim. Não posso responder na mesma moeda", ponderou. De acordo com Haddad, associá-lo com os envolvidos no mensalão "é besteira", já que ele e seus auxiliares têm "reputação ilibada". "Não é o caso dele. Ele tem problemas de toda ordem", disparou o petista.
Ao comentar o plano de governo lançado na segunda-feira pelo tucano, Haddad classificou o programa de "carta de intenções". "Não é bem um plano de governo, um plano de governo tem que ter metas e ele não apresentou nenhuma meta", respondeu o petista. "Eles não querem se comprometer com metas porque o Kassab se comprometeu com metas e não cumpriu quase nenhuma", acusou.