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Haddad diz que enviou mensagem a Macron em apelo por acordo UE-Mercosul

Haddad disse ao presidente francês que o que está em jogo não é apenas o acordo, mas a parceria "de natureza política, com sinal claro para o mundo"

Fernando Haddad, ministro da Fazenda: político fez apelo pessoal ao presidente da França para aprovar acordo ( Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Fernando Haddad, ministro da Fazenda: político fez apelo pessoal ao presidente da França para aprovar acordo ( Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 17h53.

Última atualização em 18 de dezembro de 2025 às 18h01.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que mandou uma mensagem direta ao presidente da França, Emmanuel Macron, para fazer um apelo pela aprovação do acordo da União Europeia com o Mercosul.

“Nós nos tratamos como amigos, eu e Macron. Ontem não resisti e mandei uma mensagem para ele dizendo que o que está em jogo não era o acordo, era muito mais que o acordo comercial, era um acordo de natureza política, com sinal claro para mundo que não podíamos nos voltar para ambiente de tensão entre dois blocos fechados”, disse em coletiva de fim de ano a jornalistas nesta quinta-feira, 18.

O governo federal tinha esperança de assinar o acordo no próximo dia 20, mas a conjuntura política da Europa tem dificultado a finalização do pacto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a afirmar que não assinaria o acordo caso a União Europeia não concordasse com a data de 20 de dezembro, mas nesta quinta-feira afirmou que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, pediu mais um mês para fechar o acordo.

Mas, como a EXAME mostrou, o acordo comercial será adiado, ao menos, até janeiro, segundo uma autoridade do governo brasileiro, envolvida nas negociações.

Mais cedo, o site Politico havia confirmado que a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, avisara aos líderes europeus que o tratado seria adiado para janeiro, durante a reunião do Conselho Europeu em Bruxelas.

Nos últimos dias, italianos se aliaram aos franceses e poloneses contra o acordo por entenderem que as novas regras comerciais podem prejudicar o agronegócio de seus países. O Parlamentou Europeu já aprovou salvaguardas para evitar prejuízos a produtores europeus, mas ainda não foi suficiente para conseguir o aval de todos os países do bloco.

"Ela [Meloni] ponderou para mim que ela não é contra o acordo. Ela apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza de que é capaz de convencê-los a aceitar o acordo. Ela pediu para que, se a gente tiver paciência, de uma semana, 10 dias, de, no máximo, 1 mês, a Itália estará junto com o acordo", disse Lula nesta quinta-feira, 18.

Assinatura adiada

O presidente afirmou que vai discutir com os demais integrantes do Mercosul se estendem as negociações. Haddad disse que considera adequado os países da América do Sul aguardarem uma definição na Europa e relatou a mensagem enviada a Macron em favor da parceria entre os blocos econômicos.

“Eu disse que tínhamos que abrir essa seara na esfera geopolítica e o acordo era essa clareira que o mundo precisava. Mandei essa mensagem para ele e ele respondeu muito gentilmente dizendo que tinha maior apreço pelo Brasil e que havia necessidade de mais conversas”, afirmou.

E prosseguiu: “Eu diria pra você que eu acredito que vale a pena insistir um pouco mais. Essa é minha percepção. E não há prejuízo para agricultores italianos e franceses. Não há.”

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